Wes Craven tem o crédito de produtor da série mas o seu envolvimento resumiu-se a isso mesmo, a começar pelas divergências na utilização da máscara do serial killer que era a imagem de marca da série. Este "Scream" não embaraça, mantendo a ironia, o humor e os diálogos contemporâneos que sentem o pulso do universo pop em torno dos personagens, coordenadas que em 1996 construiram um clássico que mudou o cinema de terror.

Esta adaptação respira a era digital com o cyber bullying e a utilização de todo o tipo de gadgets a terem o papel de dispositivos narrativos.

O enredo desenrola-se numa pacata cidade que tem um assassino em série a matar brutalmente os jovens locais com o pressuposto de ajustar contas de eventos passados. O grupo de jovens atraentes fixam os espectadores com o seus diálogos e talento mantendo em cada episódio interesse e dinâmica nos acontecimentos.

A protagonista Emma (Willa Fitzgerald) e os seus pares são bons intérpretes e têm fibra para os espectadores regressarem todas as semanas ao pequeno ecrã. O cromo da turma, Noah (John Karna), tem a função de derrubar a quarta parede, sendo uma espécie de narrador ativo que descodifica os acontecimentos relembrando que os eventos nem sempre são dignos de um slasher mas podem ser um drama onde morrem pessoas a toda a hora...

Apesar de ser MTV, a ação é explícita e ninguém colocou os travões na sexualidade, linguagem e violência. Ainda temos a particularidade inédita de, sempre que surge uma canção de fundo na série, temos a informação do artista e o título da música no ecrã. A MTV não perde uma oportunidade.

Ficamos com sérias dúvidas sobre se ficará alguém para contar a história, dado o elevado número de corpos que caem que nem tordos em cada episódio. Os argumentistas mantêm o nível e vão introduzindo novos personagens e sub-tramas ao longo da temporada.

"Scream" é uma agradável surpresa, uma garantia de divertimento, suspense e sustos de morte, e já foi renovada para uma segunda temporada.