A "dramedy" - mistura de drama e comédia - foi considerada "totalmente brilhante" pela revista Rolling Stone; um "fluxo imprevisível de risos e seriedade" pelo The Hollywood Reporter e "o melhor programa de televisão do momento", que talvez revele as possibilidades de uma nova forma, "talvez um novo género", pela Esquire.

"Orange Is The New Black", transformada em série televisiva pela mesma criadora de "Erva" ("Weeds") e baseada numa autobiografia com o mesmo título que está em terceiro lugar na lista de mais vendidos do New York Times, mostra as interações e conflitos raciais de negras, latinas, brancas e asiáticas que são forçadas a conviver na prisão.

Na série, Piper Chapman (Taylor Schilling) é uma nova-iorquina privilegiada que trabalha com uma produção caseira de sabonetes orgânicos e é condenada a 15 meses de prisão por um erro da juventude: 10 anos antes, transportou uma maleta de dinheiro a pedido da traficante de droga Alex (Laura Prepon), sua namorada na altura. "Piper foi o meu 'cavalo de Tróia'", disse a criadora da série, Jenji Kohan, numa entrevista na semana passada à rádio NPR.

"Não vais a um canal vender uma história fascinante de mulheres negras, latinas, idosas e criminosas. Mas se pegares nesta jovem branca e a seguires, podes expandir o teu mundo e contar todas as outras histórias", disse a também realizadora e argumentista. "É um ponto de acesso fácil", acrescentou.

Kohan tem sido elogiada em particular pelos "flashbacks", que tiram a câmara da prisão para mostrar as histórias pessoais das presidiárias, e a autenticidade das personagens: acima do peso, com rugas e longe do padrão de beleza, num elenco maioritariamente feminino e diverso.

Uma série sobre mulheres, feita por mulheres, mas para todos

A atriz dominicana Dascha Polanco, que interpreta a latina Daya, recorda como é pouco frequente assistir um programa de televisão sobre mulheres e feito por mulheres, onde a mulher não é definida por sua relação com o namorado, marido, família ou filhos. "Neste sentido, 'Orange' rompe barreiras. Não é uma dona de casa com os filhos e o marido. Fala de uma realidade", disse Polanco à AFP.
A atriz também agradece à série por a ter ajudado a superar o obstáculo do peso numa indústria que define a beleza pela magreza extrema.

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Para Piper Kerman, a autora do livro publicado em 2010 no qual a série é, muito livremente, inspirada, um dos principais desafios ao entrar na prisão é "perceber qual o seu lugar na ecologia da prisão".
"Quando colocas o primeiro pé na unidade, nesta estranha nova comunidade na qual estás a viver, a raça é um princípio de organização muito poderoso", disse Kerman, que tinha 24 anos quando transportou a mala de dinheiro em 1993, à rádio NPR.
"O que descobri foi que, com o tempo, (a raça) era cada vez menos importante. Quando me colocaram para trabalhar com reparações elétricas, não havia separação racial. Trabalhava com negras, latinas e asiáticas", contou a autodefinida ex-lésbica, que entrou em 2004 na prisão de baixa segurança de Danbury, Connecticut.
Desde então, Kerman tornou-se uma famosa defensora dos direitos das prisioneiras e integra a direção a Associação de Mulheres Presas (WPA).

"Orange" estreou a 11 de julho sem a pompa de outras séries do serviço de vídeos online Netflix, como "House of Cards", com Kevin Spacey, e "Arrested Development", que já contava com uma base de fãs sólida graças às temporadas anteriores na TV aberta.
Ambas fizeram história em julho quando se tornaram as primeiras séries online nomeadas para os Emmys: "House of Cards" disputa nove estatuetas e "Arrested Development" três.
Ao citar "House of Cards", a Rolling Stone previu na semana passada que "Orange", que estreou depois do período de votação dos Emmys deste ano, "terá tantas nomeações como o irmão mais velho em 2014".

@AFP

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