Nasceu em outubro de 1978, é Balança. Acredita nos signos?
Nada. E ainda acredito menos em quem escreve os horóscopos. Acho que fazem ‘copy paste' de 1986.

Foi designer gráfico até 2010. O que o fez mudar de vida?
Era um designer gráfico mediano e aquilo estava a dar-me cabo da vista. E depois porque também fui «convidado» a sair.

O gosto pelo humor e pela representação era um hobby, mas atualmente é ator, locutor, guionista e humorista. Está surpreendido com o rumo que a sua vida levou?
Foi tudo acontecendo tão lentamente e de forma tão natural que não tive tempo para ficar surpreendido. Chegou o dia em que eu passava mais tempo com o hobby do que com o trabalho das 9 às 18. Os pedidos para me ausentar do trabalho para gravar um sketch ou uma locução tornaram-se cada vez mais frequentes até que chegou o dia em que não dava mais para conciliar tudo. Perdeu-se um péssimo designer gráfico, ganhou-se um apresentador... pronto, ganhou-se um apresentador.

A sua estreia na televisão foi na RTP2, no programa «A Revolta dos Pastéis de Nata», apresentado por Luís Filipe Borges. O humor está sempre presente na sua vida?
Sempre. Gosto muito de rir e fazer rir. Sempre fui o palhacito lá de casa. A casa é que agora está maior...

No final de 2008 integrou a equipa de repórteres e apresentadores do «Caia Quem Caia», na TVI, onde fazia as perguntas mais incómodas a figuras públicas e políticos. Qual foi a pergunta mais embaraçosa que fez até hoje?
Na Feira da Golegã perguntei ao Dom Duarte se ainda cavalgava muito nos dias de hoje. Só depois de fazer a pergunta me apercebi do segundo sentido que esta poderia ter... As minhas desculpas ao Rei. Pelo menos não me mandou cortar a cabeça!

Já participou em várias campanhas publicitárias, mas também representou a Sociedade Ponto Verde, em algumas publicidades televisivas relativas à reciclagem. Preocupa-se com o ambiente?
Muito. Separo o lixo desde que existem ecopontos e agora até conduzo um Nissan Leaf, carro totalmente eléctrico. Odeio ver pessoas a deitar lixo para o chão. Quando vejo alguém deitar uma beata pela janela do carro dá vontade de apanhar e atirá-la lá para dentro outra vez só para lhe queimar os estofos...

Hoje é um dos apresentadores de «5 Para a Meia-Noite», talvez o programa mais irreverente da televisão portuguesa. Este programa é a sua cara?
Completamente. Até porque sou eu o responsável pelos conteúdos do meu programa. Confesso que no começo não estava muito confortável com o meu papel de entrevistador, mas com o tempo isso foi mudando e hoje já me divirto. Nos primeiros programas não conseguia porque estava demasiado preocupado em não fazer má figura.

Acha que os líderes políticos tiveram fair play ao aceitarem ir ao programa durante a campanha para as eleições legislativas?
Não foi bem fair-play. Acho que foi mais aproveitar uma hora de tempo de antena gratuito. Nestes casos, quando um aceita os outros não dizem que não.

Gosta de entrevistar políticos ou acha que eles são uma grande seca?
Gosto de entrevistar políticos que não se levem demasiado a sério.

Há algum tema infalível para a comédia?
O sexo e o cocó.

Qual foi a pior coisa que já lhe aconteceu no palco?
Fingir que batia com a cabeça na parede e bater mesmo.

E a melhor?
Aguentar a dor e continuar como se nada fosse enquanto o público observava com admiração o realismo da cena.

Há algum tema tabu para o humor ou é possível fazer humor com tudo?
É possível fazer humor com tudo desde que a nossa consciência o permita.

A comédia é uma coisa muito séria?
Não. É tudo a brincar. Também odeio os humoristas que se levam demasiado a sério. E olha que conheço alguns.

É verdade que é mais difícil fazer rir do que fazer chorar?
Eu acho que deve ser mais difícil fazer chorar porque ninguém normal o quererá fazer.

Quem é o seu humorista preferido?
A minha maior referência é o Herman José. As primeiras palhaçadas que fiz foi a imitar sketches do Herman.

O que o faz rir?
O inesperado e o insólito. Noutra categoria, o meu filho. Basta rir-se para mim.

E chorar?
Não poder abraçar as pessoas que amo.

O seu filho já se ri com as suas piadas?
O Tomás tem três anos. É mais normal eu rir-me das piadas dele.

Quem é a sua maior fã?
Provavelmente a minha avó Idalina. Está sempre a gabar-me.

Leva a vida a brincar ou muito a sério?
Às vezes acho que sou descontraído demais. Mas pago todas as minhas contas.

Como ocupa os tempos livres? Tem algum hobby?
Não perco uma oportunidade para jogar futebol ou ténis. A qualquer hora, em qualquer lugar.

É vaidoso?
Já dizia a outra: se eu não gostar de mim, quem gostará?

No Verão não resiste a quê?
A um caipirão ao pôr do sol rodeado de amigos.

Qual é o seu maior sonho?
Estar de bem com a vida e fazer feliz quem está comigo.

(Texto: Palmira Correia)