A RTP2 presta homenagem a Miguel Portas, um mês após a sua morte, através da reposição de «Mar das Índias», uma série de quatro episódios que foi o resultado de uma coprodução entre a RTP e a Comissão dos Descobrimentos, em 1997.

Apresentada por Miguel Portas, «Mar das Índias» percorre as rotas comerciais que conduziam a terras da Tanzânia e Zanzibar, Moçambique, Etiópia, Índias e territórios do Iémen.

Dia 21 de maio às 23h30 - 1º episódio -"A Costa dos Três Ouros"

Partimos da Ilha de Moçambique, onde começam os recifes de coral e a terra da cultura swali. Os vários povos que abraçam as crenças swali souberam apossar-se das artes marítimas dos seus vizinhos muçulmanos e perceberam a importância da navegação de cabotagem dos barcos à vela, os dowhs, que ainda hoje persistem e que foram um dos instrumentos de expansão do Islão na costa oriental africana.
Em Quiloa, onde se erguem as ruínas da mais antiga mesquita de África, os portugueses negociaram ouro, mas o ouro rareou e foi substituído por outro, de cor branca, o marfim.
O terceiro ouro foi o comércio de escravos. A ilha do Ibo era um dos grandes entrepostos de escravos nesta costa de África e teve o seu apogeu com o tráfico de homens.
Ainda noutra ilha, a confluência das culturas do Índico está presente. Na mítica Zanzibar, porto de exploradores, sultões, princesas e escravos das plantações de cravinho.

Dia 28 de maio às 23h30 - 2º episódio -"Os Terraços do Prestes João"

Muitos supunham que o rio Nilo separava a África da Ásia, outros diziam que era um dos rios do paraíso. O primeiro europeu que esteve na sua nascente, no Lago Tana, foi Pero da Covilhã, na corte de Preste João, cuja capital era uma imensa cidade nómada. Outros portugueses descreveram a Etiópia como um país aterrador de selvagens e lascivos hereges. Depois vieram os jesuítas que quiseram normalizar as almas e as vidas.
Mostra-se, pela primeira vez, as ruínas de edifícios traçados pelos portugueses que ainda subsistem nos altos planaltos. Um país cristão com quotidiano e cerimonial religioso de tempos bíblicos visível nas festas da Epifania em Gondar ou na cidade das igrejas megalíticas de Lalibela.

Dia 4 de junho às 23h30 - 3º episódio -"O Jardim da Rainha do Sabá"

Adém foi, desde a Antiguidade, o mais importante porto da Arábia, no Mar Vermelho e rivalizou, em importância, com os mais importantes portos de Itália. Para dominar o Índico, era forçoso dominar Adém e, em 1513, as tropas, comandadas por Afonso de Albuquerque, tentaram conquistar o porto com tal ímpeto e entusiasmo que se quebraram todas as escadas... Pertencendo atualmente ao Iémen, este porto como outros do Mar Vermelho, eram entrepostos de essências como a mirra ou o incenso.
Um país ainda regido pela lei da tribo e defesa dos respetivos territórios, isolado do exterior, onde se descobre um quotidiano em que o Islão comanda o tempo. Um povo que, com uma imensa capacidade de dominar a adversidade do clima e do solo, tornou este país no jardim da Arábia a par de uma arquitetura ambiental, talvez única no mundo.

Dia 11 de junho às 23h30 - 4º e último episódio -"A Ilha da Boa Vida"

Desde sempre que na Índia o homem tem marcado a paisagem com a sua religiosidade. Alguns santuários hindus, jainistas ou budistas refletem hoje,como no passado, outras conceções de tempo e de vida.
Em que medida isto se vive numa grande metrópole como Bombaim, uma cidade de 14 milhões que ao crescer devora o seu passado? Bombaim, que já fora chamada Ilha da Boa Vida, foi doada pelos portugueses aos ingleses como dote real. Antes, tinha sido uma quinta de Garcia da Horta, iminente botânico e naturalista cristão-novo português e foi através desta cidade que os ingleses impuseram o seu modelo civilizacional na Índia. No entanto, algumas ruas e bairros ainda preservam o quotidiano e as casas do tempo português.

Autoria: António Cabrita, Luis Carlos Patraquim, Miguel Portas e Camilo de Azevedo
Produção: RTP e Comissão dos Descobrimentos.
Realização: Camilo de Azevedo
Ano: 1997