Está ansioso por ver a segunda temporada de «A Guerra dos Tronos»? O autor da saga também. Em entrevista ao SAPO, George R. R. Martin, escritor dos livros que inspiraram a série, avançou que não vão faltar mortes e reviravoltas numa saga que descreve como «Os Sopranos na Terra Média».

As 22h15 desta segunda-feira, 23 de abril, estão marcadas há já algum tempo na agenda dos seguidores (e são cada vez mais) de «A Guerra dos Tronos», cuja nova temporada estreia no canal Syfy. Depois da boa receção, tanto do público como da crítica, da primeira temporada, emitida no ano passado, estes dez novos episódios adensam o novelo da saga desenrolada em Westeros.

O que vemos na TV descende diretamente da imaginação do norte-americano George R. R. Martin, que em cinco livros (e há mais dois a caminho) foi apresentando as peripécias desta aventura bélica e familiar.

«É ótimo termos a série de televisão, mas não vai mudar o que planeei para os livros. Vou contar a história que sempre quis contar e espero que a série a siga de forma tão fiel quanto possível. Planeei os livros há muito tempo, comecei a escrevê-los em 1991, sei bem para onde vão», contou em entrevista ao SAPO durante a sua passagem por Lisboa, na semana passada, onde participou numa conversa com os fãs depois da estreia do primeiro episódio da segunda temporada nos cinemas UCI El Corte Inglès.

«Há mudanças inevitáveis quando passas de um meio para outro, há limitações de orçamento, mas o essencial da história mantém-se», acrescentou ao contrastar o livro com a série. «Ganhámos o talento de um elenco espantoso. Ver estas personagens ganhar vida, sobretudo as dos miúdos, tem sido uma experiência extraordinária para mim e acho que é uma coisa de que os meus leitores também gostaram».

Ainda assim, há elementos que se perderam na passagem para o pequeno ecrã: «Os livros têm sempre mais... Estes são livros muito grandes e densos e só temos dez horas para cada um, dez episódios de uma hora para cada série. Se contássemos tudo o que está em cada livro, precisaríamos de trinta episódios. Perdemos algumas cenas, alguns bons momentos entre personagens e algumas personagens que, não sendo cruciais para o argumento, tinham os seus momentos e acrescentavam alguma textura a este mundo».

Se quem já leu os livros pode ir matando as saudades de Westeros através da série, ainda tem de esperar alguns anos para conhecer o seu desenlace. Os dois últimos dos sete livros da saga ainda não foram editados, nem sequer concluídos, e não deverão chegar tão cedo, avançou Martin.
Mesmo assim, «The Winds of Winter», o sexto, já vai quase a meio. «Estou a escrevê-lo, tenho cerca de 200 páginas e quando o acabar, publicamo-lo. Mas ainda deverá demorar alguns anos, estes são livros grandes e complexos, demoram muito tempo a escrever. Já desisti de fazer previsões em relação à edição porque cada vez que o faço, acaba por estar errada... e as pessoas ficam desapontadas».

O que não deverá desapontar é a segunda temporada da série. O escritor viu três episódios e garante que não vão desiludir os fãs. E o melhor ainda está para chegar, mais para o final da temporada, quando Neil Marshall (realizador, por exemplo, do brilhante «A Descida») tiver a seu cargo «Blackwater», o nono episódio, com uma batalha «grandiosa» e argumento do próprio George R. R. Martin. «Acho que nunca houve nada assim numa série de televisão norte-americana», confidenciou o escritor. Enquanto não chega, as atenções ficam viradas, para já, para o arranque da temporada, mais logo à noite.

Entrevista e edição @Gonçalo Sá/ Imagem @Luís Piçarra e Nuno Lobo