20 de setembro de 1519: cinco naus partem de Sevilha com um objetivo: encontrar o caminho para as especiarias – as ilhas Molucas na Indonésia - navegando para oeste. Três anos mais tarde, apenas um dos navios, a nau Victoria, chegou ao ponto de partida, a capital espanhola, completando assim a primeira volta ao mundo.

500 anos depois, o canal História relembra a odisseia com uma nova série documental de seis episódios - "A Primeira Volta ao Mundo" tem estreia marcada para sábado, dia 21 de setembro, às 22h15, e o SAPO Mag 'navegou' até Madrid para conversar com os responsáveis pela produção composta por seis episódios.

As histórias dentro da história são o ponto central da nova produção do canal História. "O objetivo não era explorar só a gesta, mas sim o gesto", frisou Sérgio Ramos, vice-presidente de programação do The History Channel Ibéria, lembrando o lema das comemorações.

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Na apresentação na Biblioteca Nacional de Madrid, que decorreu esta quarta-feira, dia 18 de setembro, a equipa responsável pela série destacou a linha condutora da produção: o objetivo é dar a conhecer o dia-a-dia dos 239 homens que iniciaram a rota - três anos depois da partida, no final da aventura, só regressaram 18 homens e uma nau.

"É a história da maior aventura da história da humanidade"

"É a história da maior aventura da história da humanidade. Portugueses e espanhóis conhecem bem a história mas, por exemplo, quando falas com uma pessoa do Reino Unido, de Itália, da Polónia ou da Alemanha... eles não sabem tão bem o que se passou", lembrou Sérgio Ramos. Já para Javier Boo, diretor de produção do The History Channel Iberia, esta é "a aventura de uns homens que foram atrás de um sonho".

"Era um sonho. Queriam conseguir explorar um novo caminho para um destino que era muito desejado na época, para conseguirem uma nova rota da seda. E assim foi. Foi um grande desafio", destacou em conversa com o SAPO Mag.

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Para recordar e contar os pormenores da "Primeira Volta ao Mundo", o canal quis "dar um twist, uma volta" à forma de olhar para a história, com "uma linguagem mais atual". Ao longo da série, cada episódio é comparado com um momento atual - o primeiro compara a viagem com uma "start-up do século XVI"; já no segundo capítulo, as naus são vistas como "naves espaciais de madeira".

"É relativamente fácil encontrar produções sobre a viagem", defendeu Sérgio Ramos. "Mas aqui vamos explicar a viagem através de tópicos específicos, podem ser vários tópicos - a religião, a comida ou a saúde, por exemplo", conta.

A PRIMEIRA VOLTA AO MUNDO

Para contar a história de Fernão Magalhães, Juan Sebastian Elcano, Carlos I, Antonio Pigafetta, Cristóbal de Haro e Juan de Cartagena, o canal História não optou pela fórmula cronológica. "Esta série não é contada cronologicamente. É uma maneira diferente de a contar. O desafio foi abordar o tema e os conceitos de uma forma atual", explica Javier Boo, acrescentando que a "aventura é contada com palavras de hoje".

"Tínhamos de fazer algo especial, não podíamos contar esta história apenas de forma cronológica", remata vice-presidente de programação.

"Não é apenas a descrição da primeira volta ao mundo"

Ao SAPO Mag, Daniel Teragui, produtor executivo da série, frisou que a produção foi "uma descoberta pessoal". "Para mim, esta série é uma série é um descoberta pessoal de um momento da história. De repente, descobres como as pessoas viviam, como eram, como enfrentavam as coisas e o porquê das opções. Como comiam, como dormiam, como viviam... não é apenas a descrição da primeira volta ao mundo", contou.

A PRIMEIRA VOLTA AO MUNDO

A série conta com o apoio do Ministério da Cultura e do Desporto Espanhol e foi incluída no programa de atividades da Comissão do V Centenário da Primeira Volta ao Mundo para comemorar a travessia. Nas suas gravações, a equipa do canal História percorreu diferentes locais no Chile, Argentina, Portugal e Espanha, onde teve acesso a alguns dos documentos originais como o Tratado de Tordesilhas, o manuscrito de Pigafetta ou o orçamento de viagens.

"A Primeira Volta ao Mundo" conta também com a participação de 53 especialistas, relacionados com todas as áreas associadas a este acontecimento - historiadores, biólogos, tradutores, nutricionistas, sexólogos e astrónomos, entre outros. A série combina ainda entrevistas aos especialistas com intervenções históricas representadas pelos protagonistas da história: Fernão Magalhães, Juan Sebastian Elcano, Carlos I, Antonio Pigafetta, Cristóbal de Haro e Juan de Cartagena.

"Quando estávamos a preparar a série pensámos: 'como podemos transformar os protagonistas em personagens da série?'. Claro que fazemos sempre séries documentais, mas aqui fazia sentido ter um pequeno gancho divertido... onde os protagonistas entram como especialistas", explica Sérgio Ramos. "Ao longo de seis episódios, podemos ver sete ou oito personagens a serem entrevistados. E estão caracterizados. E têm alguma interação também. Não explicam só o seu ponto de vista, mas revelam a sua personalidade. Isto foi feito com base nos documentos que tivemos acesso. Acho que foi uma boa opção", sublinha.

"Como comiam, como viviam, como amavam e como odiavam"

Para a série, a produção conversou com mais de meia centena de especialistas e viajou por vários territórios. Carmen Mena García, catedrática de História da América, foi uma das entrevistadas para "A Primeira Volta ao Mundo". "Foi maravilhoso participar. Foi duro, mas maravilhoso", confessou ao SAPO Mag.

A PRIMEIRA VOLTA AO MUNDO

Para a professora e investigadora, a série do canal História conta a aventura de uma "forma muito interessante". "O que mais me fascina é a questão humana, em todas as suas dimensões. Isso inclui a forma como a tripulação se relacionava, as condições a bordo... era tudo muito difícil", relembrou. "Interessou-nos mais o ser humano, como comiam, como viviam, como amavam e como odiavam", acrescentou.

"Como viveram num espaço tão pequeno? E como viveram tanto tempo juntos, sempre isolados do mundo?", questiona Carmen Mena García, frisando que a série do canal História vai dar algumas respostas às perguntas.

A PRIMEIRA VOLTA AO MUNDO

"Há muitas histórias", acrescenta. "Isto ainda não foi muito explorado por ninguém, mas, por exemplo, houve um caso [amoroso] entre um maestro e um grumete [quem a bordo faz a limpeza]. E, então, castigaram o pobre jovem grumete e pouco tempo depois desapareceu misteriosamente.", conta.

Além de Carmen Mena García, a série conta ainda com a participação de especialistas portugueses - Jorge Rosas, CEO das Adegas Ramos Pinto, o arqueólogo Joaquim António Gonçalves Guimaràes Arqueólogo e  José Manuel de Carvalho Marques, antigo presidente da Câmara de Sabrosa.

* O SAPO Mag viajou até Madrid a convite do Canal História.

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