"Uma das coisas em que a série é boa é a explorar a ideia do que é bom e do que é mau", afirmou a atriz Chloe Bennet, que interpreta a heroína Daisy Johnson/Quake, à Lusa, numa conversa em Hollywood. "Todas as personagens têm aquele momento em que o pêndulo da sua moralidade se move. Todas estão a tentar ser a melhor versão de si mesmas, mas ainda assim no fim de contas têm ali uma parte sombria".

A atriz frisou também a importância da mudança de visual da sua personagem, que na nova temporada aparece com madeixas roxas no cabelo e um fato preto com apontamentos da mesma cor. "Parece tolo, mas quando conheço fãs por todo o mundo, de diferentes idades e etnias, vejo o poder de vestir o fato de um super herói", explicou.

Mudar o visual de Daisy/Quake para algo facilmente reproduzível pelos fãs foi algo que a atriz discutiu com Jed Whedon, um dos 'showrunners' da série, insistindo na utilização de roxo para distinguir a heroína. "Muitas jovens mulheres usam a sua estética como uma forma de identidade e representação do que são e como se sentem, e podemos ver isto ao longo das temporadas", explicou.

Chloe Bennet acrescentou que vestir aquele fato e ter o cabelo daquela cor ajudou a fazê-la sentir-se diferente. "A constante com a Daisy é que ela não é constante", apontou. "Uma menina pode estar vestida de preto e pôr uma madeixa roxa no cabelo e sentir-se como uma super heroína".

Daisy Johnson / Quake

No primeiro episódio da nova temporada, "Missing Pieces", Daisy está no espaço com parte da equipa S.H.I.E.L.D., a liderar a missão em busca de Leo Fitz, o que significa que não terá interação inicial com o sósia de Phil Coulson, que aparece na Terra.

Sarge é interpretado pelo mesmo ator, Clark Gregg, e introduz uma linha narrativa inesperada depois da morte de Phil Coulson, no final da quinta temporada.

"Estamos a fazer isto há sete anos, é bom ver as personagens a fazerem coisas diferentes", disse a atriz, dizendo que Clark Gregg - que realizou o primeiro episódio - "é um líder dentro e fora do ecrã".

No espaço, Daisy lidera a missão mas aparece num plano secundário, porque é Jemma Simmons quem está a disposta a tudo para encontrar Fitz.

A agente desistiu de ser diretora em prol de Alphonso Mackenzie (interpretado por Henry Simmons), e está num momento em que só quer ser um soldado. "Depois do drama com a família, quer que lhe digam o que fazer, não quer tomar as decisões que afetam centenas de milhares de pessoas", explicou Chloe Bennet.

A atriz comentou também a longevidade da série, já a filmar a sétima temporada, depois de se esperar que terminasse na quinta, e o impacto que teve na sua própria vida: tinha 20 anos quando filmou o 'piloto' e acaba de chegar aos 27.

"Há muitas agora, mas nós fomos a primeira série Marvel na televisão", disse, lembrando que "havia muito peso e pressão" sobre o elenco, a equipa e os produtores para cumprirem as expectativas. "Tivemos um início interessante e a série disparou, com a ajuda de uma base de fãs incrível".

Na audição, a personagem Daisy diz que, "com grande poder, vem muita coisa estranha que não estamos preparados para fazer", uma frase que mais tarde veio a ressoar com Chloe Bennet de forma pessoal.

"Foi estranho o facto de a minha vida ter tido paralelos com a da Daisy", disse a atriz. "Não me apercebi do quão verdadeiro e relevante isso seria na minha vida real".

Bennet referiu ainda que, apesar do tom sombrio da temporada, há vários momentos de comédia, romance e mais ação e efeitos especiais do que nas anteriores.

"Vê-se a personalidade da produção", considerou. "Parece que disseram: 'Que se lixe, é a sexta temporada, vamos a isso!'".

Criadores de Agents of S.H.I.E.L.D. não queriam continuar a série sem Clark Gregg

O agente Phil Coulson morreu na quinta temporada de "Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D.", mas a série que regressa na segunda-feira à televisão portuguesa vai continuar a ser protagonizada por Clark Gregg.

"Eles sentaram-se comigo e disseram-me que Coulson ia morrer a sério desta vez, mas não queriam fazer a série sem mim"

O ator que deu vida a Phil Coulson em cinco filmes do Universo Cinemático da Marvel e na série da ABC explicou à Lusa que os criadores não queriam fazer a série sem ele, apesar de terem eliminado a sua personagem.

"Eles sentaram-se comigo e disseram-me que Coulson ia morrer a sério desta vez, mas não queriam fazer a série sem mim", disse à Lusa o ator. Isso explica que, no primeiro episódio da sexta temporada, a audiência seja confrontada com um sósia do antigo diretor dos agentes S.H.I.E.L.D., cujo papel é totalmente diferente.

"Quando começamos a temporada seis, vemos a equipa a recuperar da morte de Phil Coulson na Terra e a lidar com um conjunto perigoso de criaturas humanóides que estão a emergir através de portais e a causar problemas", contou Clark Gregg. "O líder deste grupo de pessoas parece-se muito com o Phil Coulson. É um cenário perturbador".

A introdução desta personagem, Sarge, tem um impacto significativo nos agentes, que não conseguem perceber a semelhança física e são forçados a lutar contra ele. "É uma configuração incrível", disse Clark Gregg, elogiando a "coragem" dos argumentistas em criar uma situação "em que as pessoas têm de enfrentar uma força poderosa dentro da pele de alguém que perderam".

Neste regresso da série, que se estreia na segunda-feira à noite, na Fox Portugal, metade da equipa está na Terra e a outra metade no espaço, a tentar encontrar Fitz.

Clark Gregg realizou o primeiro episódio da nova temporada sem saber detalhes sobre a origem de "Sarge" nem o segredo da sua semelhança com o antigo diretor.

"Fiquei surpreendido com o quanto me desequilibrou interpretar alguém tão misterioso, em que eu nem sabia o que o se passava com ele até mais tarde na temporada, e com uma forma cruel de fazer as coisas", afirmou Gregg. "As coisas que tornam o Phil Coulson quem ele é, não existem no Sarge". Só no final da temporada, explicou, será possível aprofundar o porquê de esta criatura ter uma cara familiar, "e aí, as coisas tornam-se mesmo sombrias".

Embora ressalve que "um regresso do Coulson nunca está completamente posto de parte" no futuro, Gregg garantiu que não é para aí que a história caminha.

O ator comentou também o estado atual do universo cinemático Marvel, do qual foi um dos primeiros elementos quando entrou no filme "Iron Man", em 2008.

"Como fã de banda desenhada, nunca pensei que iria ver algo como isto trazido para a vida real", afirmou, caracterizando como "emocionante e incrível" o que foi produzido ao longo da última década.

"Fui à estreia de 'Endgame', vi o Robert Downey Jr. e não podia acreditar como começámos há onze anos e o que foi conquistado", sublinhou, nomeando ainda o produtor Jon Favreau e o presidente dos estúdios Marvel, Kevin Feige, como grandes responsáveis pelo modelo cinemático criado.

"É uma nova forma de contar histórias", afirmou. "Podem ser filmes independentes, mas são capítulos da mesma história, alguns mais ligados à narrativa central e outros menos, como o Capitão Marvel no passado."

O ator considerou que "as pessoas estão viciadas" neste formato narrativo diferente, mais longo, que também se reflete no tremendo impacto de séries como "A Guerra dos Tronos".

"É uma experiência ver estas personagens, ver o Tony Stark, a Pepper Potts e a sua filha depois de dez anos", exemplificou. "É uma conexão emocional diferente da que se forma com um filme independente."

“Sentimos que temos muitas histórias S.H.I.E.L.D. para contar”, diz produtor Jeff Bell

Os protagonistas da série transmitida em Portugal pela FOX

O regresso de "Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D." para uma sexta temporada só foi possível porque a série conquistou uma audiência independente dos filmes, disse à Lusa o produtor executivo Jeff Bell.

"As pessoas agora vêm a série pelas nossas personagens, e não para ver se o terceiro Klingon da esquerda que estava no filme vai aparecer", afirmou à Lusa o 'coshowrunner', numa conversa em Hollywood.

A especulação sobre o fim da série foi aguda no final da quinta temporada, porque os produtores decidiram matar o protagonista, Phil Coulson, que o público conheceu pela mão de Clark Gregg no primeiro filme do universo cinemático Marvel, "Iron Man".

"Esta temporada é muito diferente pela mesma razão que algumas pessoas poderão pensar que já não vale a pena continuar a ver, porque o agente Coulson morreu", considerou o responsável.

As audiências nos Estados Unidos, onde a série se estreou primeiro, mostram que a temporada sem Phil Coulson está com 'ratings' mais baixos, com uma média de 2,2 milhões de espectadores por episódio.

"A ideia de trazer o anti-Coulson pareceu interessante"

Isto apesar de Clark Gregg ter regressado na pele de Sarge, o líder de um grupo que pretende exterminar a Terra. "A ideia de trazer o anti-Coulson pareceu interessante", disse Jeff Bell, explicando que a ação da temporada vai girar em torno deste sósia misterioso.

"Ao entrar na temporada 6, sentimos que temos muitas histórias S.H.I.E.L.D. para contar", afirmou, "mas não queríamos trazer Coulson de volta e desvalorizar aquilo pelo qual ele e a agente May passaram no final".

O outro 'showrunner', Jed Whedon, ressalvou no entanto à Lusaque a ideia de criar Sarge foi desenvolvida antes de se saber que a série iria continuar. "De outra forma não teríamos concordado, se não achássemos que havia ali mais histórias para contar".

Foi também necessário isolar a ação do que se passou em "Vingadores: Endgame", porque as datas poderiam comprometer a narrativa. "Se eles adiantassem o dia de estreia e baseássemos a série na historia do Snap, dávamos cabo dela para os filmes", explicou Whedon. "Tínhamos de garantir que isso não acontecia".

Por isso, a história desta temporada está situada antes do Snap, o momento em que o vilão Thanos estalou os dedos e eliminou metade da vida no universo. "Queremos contar histórias que não contradizem os filmes e de que as pessoas vão gostar", acrescentou Jeff Bell.

Com Sarge a dominar a narrativa, a equipa de agentes continua a lidar com o legado de Coulson, que, reiterou Whedon, está mesmo morto.

"Tentamos reinventar a série todos os anos, trazer novas personagens, fazer novas combinações", disse Jeff Bell. "Quando começámos, o único personagem que toda a gente conhecia do 'universo Marvel' era o agente Coulson. Mas à medida que foram conhecendo a agente May, Fitz e Simmons, e Mack e toda a gente, as pessoas começaram a gostar deles", sublinhou. "E agora, há banda desenhada sobre as nossas personagens".

Mack, o novo diretor do S.H.I.E.L.D., é interpretado por Henry Simmons, que começou na história como mecânico. A sua ascensão, disse o ator, foi um dos movimentos mais notáveis da narrativa, em especial porque acabou a ocupar uma posição essencial.

"O Coulson é um ícone para muita gente, porque começou nos filmes e foi o diretor do S.H.I.E.L.D. durante tanto tempo", referiu à Lusa. "Não estou a tentar substituí-lo. Vou seguir o meu caminho e ser competente".

Embora tenha repetido um termo usado por outros atores para caracterizar a temporada - "sombria" -, o ator considerou que o tema transversal é "a importância e a força dos laços de família".

Disse também que estar sob a insígnia da Marvel e ter uma relação com os filmes ajuda ao sucesso que a série teve até agora, mas que a identificação do público com as personagens é o mais importante. Uma mensagem ecoada por Jeff Bell.

"O que a Marvel fez desde o início foi criar pessoas que têm conflitos, mostrar estas pessoas multidimensionais com poderes e responsabilidades por causa deles", afirmou Henry Simmons. "É fácil olhar para eles e dizer 'é mesmo como eu'".

Final da quinta temporada “foi catastrófico”

Jemma Simmons

A morte de Phil Coulson no final da quinta temporada de "Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D.", que regressa na segunda-feira, "foi catastrófico" para os fãs, disse Elizabeth Henstridge, que interpreta Jemma Simmons.

"Os fãs perguntavam como tínhamos sido capazes de lhes fazer isto", contou a atriz à Lusa, numa conversa em Hollywood sobre a nova temporada. Na altura em que gravaram esse final, os atores não sabiam que iam regressar.

"Foi hiper emocional, porque pensávamos que era mesmo o final. Foi a cena mais difícil, chorámos durante horas. Quase não conseguíamos acabar aquilo", revelou. "Não esperávamos receber o telefonema a dizer que a série ia regressar".

Ming-Na Wen, que dá corpo à agente Melinda May, também disse que o epílogo dessa temporada "foi muito poderoso" e sentido pelos fãs, ecoando o sentimento. "Não tínhamos a certeza se era o fim quando filmámos, por isso foi muito emotivo para nós como atores, em especial porque o episódio tinha o título 'Fim'", revelou.

O que a audiência vai ver na nova temporada é que Coulson não regressa, mas o ator Clark Gregg sim, na pele do sósia Sarge - e isso causa muitas dúvidas nos agentes.

"May já viu Coulson morrer e ser ressuscitado, mas o que torna esta vez diferente é que se passou um ano e ela fez o seu luto e avançou com a sua vida", explicou Ming-Na Wen à Lusa. "Quando o vê outra vez, isso desbarata a sua fortaleza emocional".

Os argumentistas criaram uma interrogação para os fãs que, ao mesmo tempo, mantém Gregg no elenco. "Será o Coulson com uma lavagem cerebral? Será um gémeo? Há um universo paralelo?", sugere Ming-Na Wen.

Na fase inicial, metade da equipa não interage com Sarge, porque está no espaço. É o caso da agente Simmons, Daisy/Quake (Chloe Bennet), da agente Piper (Briana Venskus) e do agente Davis (Maximilian Osinkski), à procura de Leo Fitz.

Elizabeth Henstridge caracterizou a sua personagem nesta fase como mais dura e sombria, porque a sua missão "não a deixa pensar em mais nada, incluindo os sentimentos ou sacrifícios dos outros".

A explicação para o surgimento de Sarge foi desconhecida pelos próprios atores até receberem os guiões dos episódios na segunda metade das gravações. "Estamos no mesmo ponto que as nossas personagens, sem saber o que vai acontecer a seguir", explicou a atriz que dá vida a Simmons, considerando que isso permite uma interpretação mais autêntica.

Henstridge afirmou também que esta é a sua temporada favorita, por ser "mais experimental" e ter episódios cómicos, algo que Chloe Bennet, que interpreta Daisy/Quake, também referiu.

Venskus, que interpreta Piper, falou da versatilidade da história ao dividir a equipa entre a Terra e o espaço, mas disse que há uma unidade transversal. "Aquilo que adoro no S.H.I.E.L.D. é que, independentemente das circunstâncias e daquilo que enfrentamos, há sempre uma unidade clara no grupo, e nunca há dúvidas de que estaremos juntos a lutar para fazer isso acontecer", analisou a atriz.

Osinkski, o ator que dá vida ao outro membro da missão de busca, agente Davis, considerou que estas duas personagens são representativas da audiência. "Elas veem-nos como as pessoas normais da série", disse. "Não temos poderes, não temos braços robóticos, não temos machados gigantes. O interessante é como é que vemos o que está a acontecer".

"Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D.", na temporada seis, traz de volta Clark Gregg, agora como Sarge, Ming-Na Wen como Melinda May, Natalia Cordova-Buckley como Yo-Yo/Slingshot, Elizabeth Henstridge como Jemma Simmons, Iain De Caestecker como Leo Fitz e Henry Simmons como Alphonso Mackenzie, o novo diretor do S.H.I.E.L.D.

A temporada tem 13 episódios e o primeiro, intitulado "Missing Things", estreia segunda-feira na Fox Portugal às 22h15.

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