"Uma tristeza imensa. Milan Kundera escolheu a França para nunca deixar de ser livre. Através das suas páginas, ajudou-nos a descobrir quem somos, a encontrar um caminho através do absurdo do mundo. Com ele, morre uma das maiores vozes da literatura europeia", reagiu a ministra da Cultura francesa, Rima Abdul Malak, no Twitter.

Na sessão plenário de hoje, em Estrasburgo, os deputados ao Parlamento Europeu guardaram um minuto de silêncio em homenagem a Milan Kundera.

O eurodeputado francês Bernard Guetta (Grupo do Partido Popular Europeu e dos Democratas Europeus) aproveitou a oportunidade para afirmar que o escritor personificava a unidade da Europa.

"Kundera é certamente um dos maiores escritores da segunda metade do século XX. Foi uma das grandes figuras da primavera de Praga", afirmou, num discurso seguido de aplausos, após o qual os deputados cumpriram um minuto de silêncio.

Nascido na Checoslováquia a 1 de abril de 1929, tornou-se francês em 1981.

Nos anos 1960, Milan Kundera publicou dois romances, "A Brincadeira”, aclamado pelo poeta francês Aragon, e "Risíveis amores”, um balanço amargo das ilusões políticas da geração do golpe de Praga, que levou os comunistas ao poder em 1948.

Colocado na lista negra do seu próprio país após a primavera de Praga, Kundera exilou-se em França em 1975 com a sua mulher, Vera, uma apresentadora de renome da televisão checa.

Naturalizou-se francês e escolheu o francês, que dominava perfeitamente, como língua de escrita, marcando assim a rutura com o seu país natal, que lhe retirou a nacionalidade em 1979 e lha devolveu em 2019.

Em 1984, publicou o que alguns consideram ser a sua obra-prima, "A insustentável leveza do ser”, um romance de amor e uma ode à liberdade, simultaneamente sério e leve, cujo tema é a condição humana. O livro foi posteriormente adaptado ao cinema, com Juliette Binoche e Daniel Day-Lewis nos principais papéis.

Foi regularmente nomeado para o Prémio Nobel da Literatura, que nunca ganhou.