O presidente francês, Emmanuel Macron, denunciou esta quarta-feira (20) "uma caça humana" contra Gérard Depardieu, acusado de violação e agressões sexuais, e disse que a Legião de Honra não deveria ser usada para censurar ninguém, referindo-se à possibilidade de retirarem ao ator a prestigiada distinção.

"Há uma coisa na qual nunca me verão fazer parte, que são as caças humanas, odeio-as", declarou o chefe de Estado francês em uma entrevista ao canal France 5.

A ministra da Cultura, Rima Abdul Malak, anunciou na última sexta-feira que o conselho da ordem da Legião de Honra se reuniria para "iniciar um procedimento disciplinar", o que poderia levar à retirada da Legião de Honra.

Macron contradisse a ministra ao declarar-se um grande admirador de Depardieu, de 74 anos, que protagonizou mais de 200 filmes e recebeu a mais alta distinção do Estado francês em 1996.

As declarações da ministra ocorreram após a divulgação, no começo do mês, de uma reportagem da France 2, o maior canal público, na qual o ator fazia comentários misóginos. O seu comportamento "envergonha a França", declarou Rima.

Macron, no entanto, insistiu em que o ator “fez com que a França, os nossos grandes autores, as nossas grandes personagens, fossem conhecidos em todo o mundo. Deixa a França orgulhosa"."

Depardieu é acusado desde dezembro de 2020 de violação e agressões sexuais contra a atriz Charlotte Arnould, que denunciou em agosto de 2018 duas violações na residência parisiense do ator.

A atriz Hélène Darras também o denunciou em setembro por uma agressão sexual sofrida em 2007, alegadamente prescrita.

A jornalista e escritora espanhola Ruth Baza anunciou na terça-feira que apresentou uma queixa de agressão sexual contra o ator por factos ocorridos alegadamente em Paris em 1995.

Depardieu também enfrenta uma dezena de acusações de violência sexual por parte de 13 mulheres.

O ator francês negou todas as acusações em outubro, e a sua família denunciou uma "perseguição sem precedentes" contra ele.

Em 2017, Macron retirou a Legião de Honra ao magnata de Hollywood Harvey Weinstein após uma série de acusações de assédio sexual e violação.