Cerca de 175 mil pessoas são esperadas na Worthy Farm, que fica nas proximidades de Glastonbury, em Somerset, e está pronta para receber o público sob temperaturas escaldantes e medidas reforçadas de segurança, após o histórico de ataques terroristas ocorridos no Reino Unido.

"Olá! Bem-vindos ao Glastonbury!", grita o criador do festival, Michael Eavis, enquanto cumprimenta o público que espera do lado de fora das grades de metal.

Os  concertos serão divididos em sete grandes palcos e começam esta sexta-feira (23). Animados, os campistas já começam a chegar para conseguir um bom lugar para montar a tenda e, assim, garantir o melhor lugar em frente ao palco.

Veja na galeria as imagens do primeiro dia do festival:

"Existiram fiscalizações, mas tem tanta gente e está tão quente. As filas estão melhores do que imaginava", contou Anna Harris, de 25, do sul de Londres, uma das primeiras a conseguir entrar no festival.

Os bilhetes custavam 214 euros e esgotaram em poucos meses.

"As regras da sociedade são um pouco diferentes"

"É como ir para outro país (...). Entras numa cidade gigante cheia de tendas, um mini-estado cheio. As leis britânicas ainda são válidas, mas as regras da sociedade são um pouco diferentes, mais livres. Toda a gente está aqui para viver bons momentos, cada um à sua maneira", diz o porta-voz do festival.

O Glastonbury nasceu em 1970, com acesso quase gratuito, reunindo 1.500 pessoas que desembolsaram o valor simbólico de 1 libra para ver um concerto do cantor e guitarrista britânico Marc Bolan, com direito a refil de leite ordenhado na fazenda por hippies apaixonados por música.

Atualmente, Glastonbury  é um dos festivais de música mais prestigiados do mundo, com dezenas de palcos, espaços e áreas de convívio. O local possui uma área de aproximadamente 13,5 kms.

No palco Pyramid Stage, a banda Radiohead abre o festival na sexta-feira, seguida de The XX, Royal Blood e Kris Kristofferson. No sábado, os norte-americanos do Foo Fighters comandam o festival, seguidos de The National, Katy Perry, Run the Jewels e Craig David.

O último dia conta com o cantor Ed Sheeran. Biffy Clyro, Chic e Barry Gibb também vão passar pelo palco principal.

No segundo maior palco, Major Lazer, Alt-J e Boy Better Know comandam o espaço, onde também se apresentam Liam Gallagher (ex-integrante da banda Oasis), Kaiser Chiefs, Emeli Sande e The Courteneers.

Status Quo, Goldfrapp, The Pretenders, The Jacksons, Dizzee Rascal, Alison Moyet e Kiefer Sutherland também fazem parte do alinhamento.

No festival, o ator Johnny Depp vai apresentar o filme "O Libertino" (2004), que será exibido numa área reservada para filmes no festival.

O poder do 'xixi'

A Worthy Farm vai contar com 10 painéis de informação movidos com urina, graças às 40 cabines sanitárias próximas ao Pyramid Stage. Segundo a organização, a urina é transformada em eletricidade através de uma tecnologia desenvolvida pela Universidade West of England. Uma segunda área "geradora de xixi" no festival vai fornecer energia para recarregar smartphones, contribuindo também para a iluminação do local.

"O  trabalho da polícia será um pouco diferente esse ano", disse Caroline Peters, fonte da autoridade local. "Assim como no resto da Inglaterra, os festivaleiros devem manter-se em alerta, mas não preocupados", amenizou Caroline, referindo-se aos recentes ataques ocorridos nos últimos meses em Londres e em Manchester.

A empresa britânica telefônica EE, responsável pelo sinal gratuito de wi-fi durante o festival, espera que o Glastonbury seja o evento mais transmitido nas redes sociais, com o equivalente a 40 terabytes de dados a serem utilizados.

Em 2018, não haverá festival. A quinta, local onde acontece o encontro musical e a reunião de várias tribos, precisa de um ano de descanso a cada cinco anos para recuperar.