As páginas rabiscadas, em cadernos grandes, foram “o produto do nosso trabalho”, “as maluquices que escrevemos” antes de chegar ao trabalho final como o sucesso global “Hotel Califórnia” (1976), declarou, no banco das testemunhas, o fundador, vocalista e baterista dos Eagles, atualmente a realizarem uma digressão mundial de despedida.

“Não foram feitos para serem vistos” e “ainda não vou mostrá-los hoje”, acrescentou o músico de 76 anos.

À sua frente, três homens, que se movimentam no mundo dos colecionadores, estavam sentados no banco dos réus: Craig Inciardi e Edward Kosinski são acusados de posse criminosa de bens roubados e Glenn Horowitz por tentativa.

Todos se declararam inocentes e refutaram qualquer ação ilegal, afirmando que adquiriram legalmente as páginas em causa.

O caso remonta ao final da década de 1970, quando um autor, contratado pelo grupo de rock californiano para escrever a sua biografia, ficou encarregado das notas, que nunca mais devolveu.

Don Henley considera isso roubo, enquanto a defesa nega, ressalvando que o autor não está a ser acusado em julgamento.

De acordo com os procuradores de Manhattan, o autor acabou por vender as páginas em 2005 a Glenn Horowitz, um negociante de livros raros, que as vendeu a Craig Inciardi e Edward Kosinski.

Anos depois da separação do grupo, o músico viu algumas páginas na Internet, pela primeira vez em 2012.

Após entrar em contacto com o seu advogado, e “algumas voltas”, Don Henley acabou por adquiri-las, por 8.500 dólares (7.800 euros, à taça de câmbio atual), porque era a forma mais eficaz e prática de recomprar o que lhe pertencia, explicou.

Outras páginas surgiram nos anos seguintes, durante leilões, nomeadamente um lote de treze páginas, escritas à mão para a canção "Hotel California".

“Já fui extorquido uma vez”, sublinhou Don Henley, que em 2016 recorreu ao Ministério Público de Manhattan, que iniciou o processo.