Os Triplet formaram-se em 2001, mas só a partir de 2004 com o aprofundamento do seu trabalho, começam a adquirir notoriedade, um ano cheio de bons concertos, com bastante cobertura por parte de alguma imprensa especializada e mesmo idas ao estrangeiro. Acima de tudo um ano em que se derem a conhecer. Em 2007 os Triplet lançam o seu primeiro álbum: "Fight For Your Heart", um trabalho consistente em que se nota o amadurecimento da banda, mas que mantêm toda força e energia que caracteriza o quarteto formado por Jasmin, Ruben S., Pedro S. e Ben. Na entrevista concedida ao Palco Principal os Triplet fizeram-se representar por Ben, guitarrista da banda.

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Palco Principal - Como surgem os Triplet?

Ben - Os
Triplet surgem por iniciativa da Jasmin (vocalista), estava algures na Holanda, e se não estou em erro, viu uma qualquer banda a actuar e decidiu "é isto que tenho de fazer". Voltou para Portugal, onde já conhecia o guitarrista original da banda, ele por sua vez conhecia o Pedro e o Ruben (baterista e baixista respectivamente), que tem a particularidade de ser irmãos; e assim começaram. Eu (Ben) juntei-me mais tarde, Vi-os a actuar uma vez, gostei imenso, ficamos amigos, comecei a ser o "amigo da banda" que ajuda e faz tudo, dai a nada comecei a tocar com eles ao vivo, só pelo gozo, e fui ficando.


PP - Porque o nome Triplet?

B - Muita gente não tem noção de que
Triplet significa "Trigémeo", o que por sua vez pode não fazer muito sentido, visto sermos quatro elementos mas sinceramente o significado que tem para nós já mudou algumas vezes. Umas das razões iniciais, foi o facto de que cada pessoa é constituída por "três partes", Alma, Mente e Corpo mas ultimamente e o que nos diz mais é o que esta inscrito algures no nosso disco, queremos incutir "Hope, Faith & Love", a quem ouve a nossa música. No fim de contas um nome e só um nome, e nas bandas acaba sempre por ganhar um significado muito próprio. Lembro-me por exemplo dos "Guano Apes", se pensarmos que Guano são fezes de morcego, e Apes são chimpanzés, não penso que ninguém os associe a essa referência. (risos)

PP - Apesar de já existirem sensivelmente há 7 anos, só recentemente lançaram o vosso álbum de estreia, "Fight For Your Heart", estiveram a espera do momento ideal?


B - 7 anos!!! Wow...

Sim, e não. Por um lado gostamos de fazer as coisas com calma, para que sejam bem feitas, ou o melhor possível. Por outro a banda já sofreu algumas mudanças no alinhamento, e todas elas fizeram-na regredir consideravelmente. Pelas minhas contas, de cada vez que mudamos de guitarrista, perdemos sensivelmente um ano de trabalho, em que é preciso reconstruir a moral, a identidade da banda, e o espírito de família, que é uma das nossas características mais fortes. Já tivemos 3 guitarristas diferentes, e só eu fiquei, por isso se subtrairmos 3, aos 7 anos que foram mencionados, ficamos com uns sólidos 4 anos.

PP - A vossa agenda de concertos tem sido muito preenchida, e envolve muitas deslocações tanto internas como externas, o que se deve tornar extremamente exaustivo, como lidam com este desgaste?

B - Realmente é muito desgastante, mas a verdade é que te habituas. Lembro-me que quando as viagens começaram, os "manos" da banda, ainda não tinham andado de avião e agora passou a ser uma coisa perfeitamente banal para eles. Mas nem todas as viagens são de avião!!! São muitas horas de carrinha também (risos). Quando tens um mês de concertos lá fora, por exemplo, entras num ritmo muito próprio, que só quem já fez tours do género é que conhece. Em Portugal dificilmente tens três ou mesmo duas datas seguidas, mas a verdade é que quando apanhas o bichinho da estrada, não queres mais nada. É um sentimento excelente, não há contas para pagar, não há nenhuma responsabilidade, para além de chegar a horas aos sítios e tocar, não te preocupas com dinheiro, nada. Só te divertes com os teus melhores amigos (no nosso caso), viajas, conheces novos lugares, novas pessoas, novas culturas, e tocas. O que mais poderias pedir? Em Portugal o caso muda um pouco de figura, ao fim de algum tempo já começa a ser pesado, mas é algo que estamos dispostos, e decerto que não nos podemos queixar.

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PP - Onde se sentem melhor como banda, no palco ou no estúdio?

B - Depende, eu pessoalmente sou viciado em estúdio, e em todo o processo de criação, mas penso que somos duas bandas diferentes, em estúdio e ao vivo.

PP - As vossas influências são todas dentro do mesmo estilo ou tem todos influências diferentes?

B - Normalmente quando esta pergunta aparece, usamos nomes em especial da actualidade, que fazem sentido com a música que fazemos, mas ouvimos todos coisas diferentes. Partilhamos um gosto muito variado, facilmente ouvimos Hip Hop, ou Rachmaninov, como já uma vez pus a tocar enquanto adormecíamos, algures em Espanha, até ao Metal, e ao mais duro HardCore. Penso que nos encontramos algures no meio, gostamos de melodias fortes e que te dão aquele arrepio na espinha, mas também gostamos de ritmo e velocidade. Mas há bandas que todos gostamos muito, como os: Taking Back Sunday, The Used, Underoath, 30 Seconds to Mars, e Blindside. Já agora em principio devemos tocar com os Blindside este ano (risos).

PP - Quais são os vossos planos para o futuro?

B - Acabamos de lançar o nosso vídeo, um ano depois do disco sair, pois só agora foi possível, e apesar de já estarmos a olhar para material novo, julgo que este disco e os
Triplet, só agora estão a ser descobertos pelo público em geral, por isso vamos "surfar esta onda" enquanto durar, penso eu, talvez possamos fazer outro vídeo caso se justifique. Planos para o futuro próximo, passam por uma pequena Tour de 10 dias pela Europa, tudo festivais, e depois o regresso. Felizmente podemos dizer que podíamos ter bastantes mais datas, mas um dos membros vai dar o nó e por isso vamos voltar mais cedo. Para nós, as pessoas estão sempre primeiro.

PP - Acham que projectos como o Palco Principal podem de facto dar um importante apoio à divulgação das bandas portuguesas?

B - Obviamente. O Palco Principal, do qual já somos membros há algum tempo, é sem duvida um site único em Portugal, sendo que umas das particularidades que mais considero interessante, é o intercâmbio de bandas portuguesas com bandas brasileiras, e em especial nos tempos que correm, onde tudo se passa na web.

PP - Como vêem a distribuição de música no futuro, nomeadamente tendo em conta, por um lado a crise do mercado discográfico e por outro os novos canais que a Internet oferece?

B - A música vai sempre ser criada, e vai ser sempre "partilhada", seja de que maneira for, é inútil esta luta entre editoras e a Internet. É uma luta desleal, talvez se o preço dos discos em Portugal fossem mais baixos, não existiria tanta pirataria.

Vamos assinar com uma editora brasileira, que vende os discos a preços baixíssimos, e aposta em conteúdos mais ricos nos discos, para que as pessoas os comprem, e a verdade é que compram, mas há já muito tempo que ninguém faz dinheiro a vender discos, mas sim a tocar ao vivo. Não sei o papel que os discos têm hoje em dia sinceramente, mas as editoras grandes que se recusam a adaptar a realidade, essas é que vão de mal a pior. Tens o nosso exemplo que estamos numa Indie (Raging Planet), graças ao nosso excelente amigo Daniel Makosh, que acreditou em nós, mas na realidade fomos nós que tivemos de investir o pouco que tínhamos, em tudo.

A Internet foi e tem sido sem dúvida a nossa arma mais forte, hoje em dia podemos olhar para trás e ver que gravamos, editamos um disco, temos um vídeo a passar na MTV, já viajamos para países como Espanha, França, Inglaterra, Itália, Alemanha, Polónia ou Suíça (com condições que raramente temos em Portugal) e ainda vamos a muitos mais este ano, mas tudo isto (e é ai que quero chegar, não mostrar o quão "bons" nos somos (risos)), sem o apoio de ninguém, nenhuma editora grande, nenhuma rádio, nenhum amigo ou conhecido. Nada, a não ser a nossa dedicação e paixão para com o que fazemos.

O futuro está na web, e na maneira como eu sentado no meu sofá, te envio esta entrevista, que por sua vez vai atravessar continentes, e chegar a milhões de outras pessoas, que estarão "sentadas no sofá"delas. Tencionamos tomar o maior partido disso, para fazer chegar a nossa música, e tudo o que ela contêm a outras pessoas, e ver o que isso lhes incita.

Para ouvir algumas músicas dos
Triplet visite:
www.palcoprincipal.com/triplet