“O que fazem os animais de estimação quando ficam sozinhos em casa?” é a principal pergunta a que "A Vida Secreta dos Nossos Bichos" pretende responder. A resposta traduz-se numa história que continua, naturalmente, a piscar o olho aos mais novos, mas os adultos são os principais destinatários de muitas das piadas e apanhados contextuais da sociedade de hoje.

Max (voz de João Manzarra) é o cão de Katie (Sara Calisto) e o centro do seu universo. Um dia, a sua dona dá-lhe a notícia de que já não vai ser o único cão lá em casa e aparece com Duke (Eduardo Madeira), um matulão de quatro patas que foi resgatado de um canil. As peripécias não se fazem esperar quando ambos disputam o espaço do lar doce lar e depois de um passeio no parque tudo muda, quando se perdem do grupo e conhecem os bichos do esgoto, liderados pelo coelho rebelde, Pompom (Rui Unas). É então que os vizinhos e amigos se juntam para os salvar.

Pegando nas suas próprias experiências pessoais, a equipa, que também assinou a produção dos dois filmes de "Gru - O Maldisposto" e "Mínimos", preocupou-se em delinear um grupo de personagens que conquistasse o público com as suas características e comportamentos, e, apesar de não quererem humanizá-los demasiado, a verdade é que conseguiram um equilíbrio entre as similaridades de situações humanas e as particularidades animais.

Max é o mimado Terrier que domina o seu território doméstico e que adora a sua dona; Duke é o desengonçado cão maltratado que só quer atenção e um lar; Gidget (Clea Almeida) é apaixonada por Max e uma verdadeira líder em missões de salvamento, apesar do seu estatuto de lady; Chloe (Mariana Monteiro) é uma gata, egoísta e interesseira como a maioria dos da sua espécie; e Pompom é o delicioso coelho maléfico, líder dos animais que foram atirados para o esgoto e que grita aos sete ventos que quer vingança dos humanos mas que no fundo só pretende amor, como todos os outros.

A fórmula não é inovadora e talvez já se tenha visto esta dinâmica noutros filmes de animação mas em "A Vida Secreta dos Nossos Bichos" é a relação que estes bichos conseguem criar com a audiência que está em primeiro plano. Através da fidedigna reprodução do comportamento dos animais que temos em casa, é fácil a ligação e é impossível não sorrir com eles. Além disso, existem cenas hilariantes, como o sonho do mundo encantado das salsichas, o momento em que Pompom está a mostrar toda a sua maliciosidade e deixa escapar uns dejetos ou quando o educado poodle mostra o seu verdadeiro gosto musical.

Não é uma história original ou com grandes contornos épicos e fantásticos, mas os responsáveis dos estúdios da Illumination afirmam que a sua principal missão é “contar histórias com personagens que tragam sorrisos às caras das pessoas”. E se assim foi, é caso para dizer: Missão cumprida! Um último apontamento para a banda sonora, a cargo do galardoado Alexandre Desplat, que aqui comprova a sua versatilidade, e para o trabalho de dobragem das personagens originais, que continua a progredir e a mostrar a sua qualidade. Ah, e o melhor é permanecer na sala quando começarem os créditos…

Sara Afonso

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