O anúncio feito por Taylor Swift na quinta-feira passada do lançamento nos cinemas do filme que documenta a sua mais recente digressão apanhou quase todos de surpresa, incluindo os responsáveis dos grandes estúdios de Hollywood. E muitos, segundo a publicação IndieWire, estão mesmo muito chateados.

“Taylor Swift: The Eras Tour” estará em mais de quatro mil salas dos EUA e Canadá e muitas outras a nível internacional durante (pelo menos) quatro fins de semana a partir de 13 de outubro.

Sobre o que se vai ver, só se sabe o que a artista partilhou: "The Eras Tour tem sido a experiência mais significativa e eletrizante da minha vida até agora e estou muito feliz por anunciar que chegará aos ecrãs em breve”.

O impacto foi sísmico: o filme só precisou de três horas para chegar aos 26 milhões de dólares (24 milhões de euros, à taxa cambial do dia) e bater o recorde de 16,9 milhões da pré-venda de bilhetes nas primeiras 24 horas de "Homem-Aranha: Sem Volta a Casa" nas salas da exibidora AMC, a maior da América do Norte (ajudou, claro, que os bilhetes sejam muito mais caros: 19,89 dólares para adultos, em comparação com os 11,5 do filme de super-heróis).

Fontes do setor de exibição acreditam agora que as receitas de bilheteira só do primeiro fim de semana na América do Norte possam ficar acima dos 100 milhões de dólares e até chegar aos 150 milhões.

A curiosidade é que o distribuidor de “Taylor Swift: The Eras Tour” é a própria AMC, a avançar para a maior operação do género nos seus 103 anos de história depois de tratar do lançamento de alguns filmes muito mais pequenos.

Mas não se trata de um lançamento exclusivo nas salas AMC, pelo que apenas algumas horas após o anúncio do lançamento, o filme de terror "O Exorcista: Crente" antecipou a data de estreia de 13 para 6 de outubro e o produtor Jason Blum assumiu a razão da alteração com o hashtag #TaylorWins [a Taylor vence] e a declaração “Look what you made me do” ["Vê o que me obrigaste a fazer"], numa referência a uma das canções da artista.

Mas nem todos terão reagido com tanta graciosidade: o IndieWire diz que os grandes estúdios de Hollywood, habituados a controlarem o circuito de distribuição, e outros exibidores foram completamente apanhados de surpresa pelo lançamento e alguns estão bastante chateados.

Muitas fontes disseram à publicação que, com exceção do parceiro Cinemark, os outros executivos da distribuição — "que podem estar muito, muito interessados ​​em saber sobre o amplo lançamento de um filme-concerto que capta a digressão global esgotada e de muitos milhões de dólares de uma figura de culto com exércitos de fãs" — souberam da novidade através do comunicado da AMC na quinta-feira ou de uma chamada do exibidor-distribuidor às primeiras horas da manhã.

Outro pormenor importante é que a maior exibidora da América do Norte também não avisou os seus parceiros de Hollywood e "isso está a causar grande irritação".

Teme-se, por exemplo, o impacto que o filme-concerto possa ter no grande lançamento no fim de semana a seguir (20 de outubro) de “Killers of the Flower Moon”", de Martin Scorsese e com Leonardo DiCaprio e Robert De Niro, nomeadamente pela competição das salas IMAX e ecrãs "premium".

"Acima de tudo", aponta o IndieWire, o anúncio da estreia de “Taylor Swift: The Eras Tour” e a reserva de muitos ecrãs de cinema para vários fins de semana como "factos consumados" são uma "movimentação agressiva e implacável" numa área norteada por "acordos de cavalheiros" na gestão das salas, em que "os distribuidores não se surpreendem com as datas de lançamento" e "os estúdios têm a expectativa de terem tempo para defender a prioridade dos seus filmes nos cinemas".

Fontes do IndieWire sugeriram que as condições do lançamento e o seu anúncio foram ditados pela equipa da própria artista e não pela AMC.