Jessica Chastain apresentou-se "incrivelmente nervosa" esta sexta-feira no Festival de Veneza para apoiar a antestreia mundial de "Memory".

Realizado pelo cineasta mexicano Michel Franco, este foi o primeiro projeto que escolheu após ganhar o Óscar na cerimónia dos Óscares em março de 2022.

A atriz e o colega Peter Sarsgaard estão no Lido como parte de um contingente muito reduzido de estrelas de Hollywood em visita este ano: o Festival de Veneza, tal como o de Toronto, que começou na quinta-feira, acontece num momento em que os sindicatos dos atores e argumentistas estão em greve, numa batalha com estúdios, plataformas de streaming e canais de TV por melhores salários e outras condições de trabalho.

Nestas circunstâncias, não podem promover filmes produzidos por empresas envolvidas na disputa, mas estão a ser atribuídas autorizações especiais aos projetos independentes cujos produtores aceitaram as condições propostas pelo sindicato dos atores (SAG-AFTRA) aos grandes estúdios (representados pela AMPTP) no último dia das negociações antes da greve: os chamados "acordos provisórios". Os filmes internacionais são outra exceção à greve.

Surgindo na conferência de imprensa em Veneza com uma t-shirt a dizer "SAG-AFTRA on strike" (SAG-AFTRA em greve) e ao lado de Peter Sarsgaard com um crachá igual na lapela, Jessica Chastain admitiu que estava "incrivelmente nervosa" sobre a sua comparência mesmo com essa autorização e que "algumas pessoas da minha equipa aconselharam-me a não fazê-lo".

"Tenho muita noção da sorte que tenho. É uma profissão maravilhosa o que podemos fazer como atores. E muitas vezes, por causa disso, sentimos que precisamos ficar quietos para proteger futuras oportunidades de trabalho. E muitas vezes somos informados e recordados de como deveríamos estar gratos", disse a atriz aos jornalistas, citada pela revista The Hollywood Reporter.

"Este é o ambiente que acredito ter permitido que o abuso nos locais de trabalho permanecesse sem controlo durante muitas décadas. E é também o ambiente que sobrecarrega os membros do meu sindicato com contratos injustos”, acrescentou.

"Estou aqui porque o SAG-AFTRA deixou explicitamente claro que a forma de apoiar a greve é fazendo partilhas nas redes sociais, participar nos piquetes e trabalhar e apoiar projetos com acordos provisórios. [...] E quando produtores independentes como estes assinam estes acordos provisórios, estão a dizer ao mundo e à AMPTP que os atores merecem uma compensação justa, que devem ser implementadas proteções à Inteligência Artificial e deve existir a partilha de receitas de streaming", defendeu.

"Portanto, espero que estar aqui hoje incentive outros produtores independentes e encoraje os atores a aparecerem e apoiarem os membros do nosso sindicato. E esperamos ver o fim desta greve em breve. E espero que a AMPTP volte à mesa [das negociações], concluiu.