Este «Pássaro Branco» bem que tenta voar, mas pouco consegue sair do chão, não conseguindo surpreender.

A história passa-se no final da década de 1980 e é narrada pela protagonista, Katrina Connors (Shailene Woodley), uma adolescente que precisa de lidar com muitas novidades ao mesmo tempo: as mudanças do seu corpo, as excentricidades da época e, claro, o misterioso desaparecimento da mãe, Eve Connors (Eva Green). A narrativa, baseada no romance homónimo escrito por Laura Kasischke, aborda sobretudo as várias descobertas interiores que Katrina vai fazendo, paralelamente ao desenrolar de pistas que vão indicando ao telespectador o que poderá ter acontecido com Eve.

A realização de Gregg Araki revela-se bafejada e atenta aos detalhes, adequando-se de forma frutífera com os restantes elementos da obra, que enquadram a história na década retratada, tais como a direção artística ou o guarda-roupa. Porém, o que se destaca mesmo neste âmbito é a banda-sonora, cativante e distintamente escolhida.

O grande senão de «Pássaro Branco» acaba mesmo por ser o argumento, pouco complexo e profundo, que se resume a um mero narrar da vida da protagonista, recorrendo apenas a algumas metáforas reveladoras e relevantes durante o desenvolvimento da trama. Os diálogos são um pouco vazios, resultando em possível tédio para o espetador.

A redenção do filme assenta na interpretação acertada e ousada da jovem Shailene Woodley, que cada vez mais se revela como um nome a ter em conta em Hollywood. Eva Green tem um desempenho algo caricatural em alguns momentos mas não deixa de ser uma presença imponente na obra. Christopher Meloni, que interpreta Brock Connors, o impassível pai da família, tem também uma boa interpretação.

«Pássaro Branco» acaba por ter pouco impacto, não sendo ainda um retrato pertinente da época que o filme aborda. Todavia, não se trata, de todo, de uma obra perdida, revelando uma ambiência sedutora e interpretações marcantes, bem como alguns instantes surpreendentes.

3 em 5
TATIANA HENRIQUES


REVISTA METROPOLIS