Com a aproximação do centenário da Walt Disney, que será comemorado a 16 de outubro, o veterano da animação Eric Goldberg disse à Lusa não estar preocupado com a Inteligência Artificial generativa, que não considera poder substituir os humanos.

“Não estou preocupado com a IA generativa. O que eu faço não é tentar duplicar o realismo”, afirmou o desenhador, responsável por personagens icónicos como o génio da lâmpada em “Aladdin” (1992) e por realizar filmes como “Pocahontas” (1995).

Exemplos de IA generativa na área visual são aplicações como o Dall-E da OpenAI ou a Lensa da Prisma Labs, que geram imagens artificiais com base em descrições.

“Estou a tentar fazer o personagem credível e engraçado ao mesmo tempo. Uso todo o tipo de técnicas de animação, que são difíceis de fazer quando se tenta ser realista”, continuou o artista. “Não estou preocupado com a IA”.

Eric Goldberg é um dos animadores responsáveis pela restauração de 27 curtas de animação clássica da Disney, que serão lançadas a partir de sexta-feira, 07 de julho, na plataforma de 'streaming' Disney+.

O lançamento faz parte das comemorações do centenário da empresa, fundada a 16 de outubro de 1923 por Walt Disney. Nos cem anos desde então, Goldberg disse que o que mudou foi fundamentalmente o tipo de ferramentas usadas, mas não o intuito.

“A grande diferença é a ascensão da animação por computador”, referiu. “Embora haja uma mudança de técnica na produção, os objetivos continuam os mesmos: ainda estamos a tentar criar personagens que as pessoas apreciam”.

O animador disse que a empresa faz sessões frequentes sobre o que torna a animação da Disney única, uma forma de passar a cultura original de geração para geração.

“Há muitas formas de dar personalidade aos personagens e a principal é na forma como se movem, que nos mostra o que estão a pensar e a sentir”, referiu. “É essa vida, a personalidade que conseguimos imbuir nos personagens independentemente de que ferramentas usamos para chegar lá”.

Goldberg, que cresceu “a adorar” a Disney, falou do legado de Walt Disney e de como o seu espírito se mantém na animação produzida até hoje.

“Não olhamos por cima dos ombros a perguntar o que é que o Walt faria. Quando ele morreu, muitos artistas fizeram isso, mas chegámos a um ponto em que entendemos o espírito do que o Walt começou”, sublinhou Eric Goldberg.

“Não fazemos exatamente igual, mas fazemos com o mesmo espírito de criar personagens que são credíveis e com que as pessoas se identificam”, continuou. “Foi isso em que Walt se tornou pioneiro, mais que qualquer outra coisa”.

A 8 de julho, a Disney marca 100 dias de contagem decrescente para a comemoração dos 100 anos da empresa.