Numa cerimónia que decorreu no cine-teatro Curvo Semedo, a organização atribuiu o prémio de melhor filme de escolas a
«3 Semanas de Dezembro», de Laura Gonçalves (Arts University Bournemouth), feito a partir de um caderno gráfico que regista memórias pessoais relacionadas com a família e Belmonte.

«Kali, o pequeno vampiro», filme de Regina Pessoa que encerra uma trilogia sobre a infância e que tem feito um percurso internacional com vários prémios, foi considerado o melhor filme na categoria de profissionais.

O prémio do público, reunindo as opiniões dos espetadores que assistiram às várias sessões de cinema dos filmes nomeados, foi entregue a
«Alda» (na imagem), de Ana Cardoso, Filipe Fonseca, Liliana Sobreiro e Luís Catalo, da Universidade Lusófona, um filme sobre a relação do espaço rural com os seus habitantes.

Regina Pessoa receberá 3.000 euros e Laura Gonçalves receberá mil euros em ajudas de custo para a divulgação do filme em festivais internacionais. O prémio do público garante aos premiados 750 euros.

Na primeira edição do prémio, a organização recebeu 68 filmes, tendo selecionado seis para cada categoria. Em declarações à agência Lusa e à rádio Antena 1,
José Miguel Ribeiro, presidente da Casa da Animação - organizadora da Festa Mundial de Animação - elogiou sobretudo o envolvimento dos estudantes nas oficinas de cinema que se espalharam por vários espaços da cidade.

A entrega dos prémios fechou três dias de programação intensa em Montemor-o-Novo em torno do cinema de animação, reunindo mais de uma centena de estudantes e população local, com atividades como projeções de cinema e oficinas de práticas ligadas à animação, orientadas por realizadores como Regina Pessoa, Pedro Serrazina, Abi Feijó e Fernando Saraiva.

A cidade alentejana termina hoje três dias de atividades em torno do cinema de animação, mobilizando realizadores, produtores e cerca de uma centena de alunos, uns mais novos do que outros.

No Convento de São Domingos, alguns alunos das universidades seniores de Montemor-o-Novo e de Évora criaram uma curta-metragem sobre a lenda das duas arcas - uma com ouro e a outra com a peste - que supostamente estão escondidas no castelo da cidade.

«Nós imaginamos que da arca que abrimos só saem coisas boas, em vez de solidão e velhice. Saem coisas boas, como alegria e amizade. Coisas mais valiosas que o ouro», disse
Vítor Guita, da Universidade Sénior de Montemor-o-Novo, à agência Lusa.

O realizador
Nuno Amorim, que fez a atividade, explicou que estes alunos, com uma vontade de aprender que supera as rugas e os cabelos brancos, ficaram sobretudo com uma noção simples de como se faz um filme de animação.

À mesma hora, noutro ponto da cidade, várias salas do Centro Juvenil lotaram com estudantes em oficinas orientadas pelos realizadores Fernando Saraiva e Regina Pessoa e pelo sonoplasta e músico Manuel Tentúgal.

Pondo em prática uma ligação à cultural local,
Fernando Saraiva colocou os seus aprendizes a fazerem um filme de animação a partir do trabalho da artista montemorense Etelvina Santos, que pinta motivos tradicionais, sobretudo florais, em móveis.

Para
Etelvina Santos foi uma estreia ver as suas pinturas ganharem vida, mas para Fernando Saraiva a ideia foi demonstrar que no cinema de animação os recursos podem ser inesgotáveis, como explicou à Lusa.

Na porta ao lado, Regina Pessoa ensinava a técnica de gravura, que usa nos seus filmes, a estudantes que «nunca tinham trabalhado com matéria, com tinta», que sujam pouco as mãos e que estão já habituados a trabalhar diretamente em digital.

Ao fundo do corredor,
Manuel Tentúgal demonstrava a importância do som num filme, através de partituras gráficas e desafiando-os a sonorizarem pequenas sequências de imagens, tendo apenas como instrumento «a riqueza sonora do papel».

A Festa Mundial da Animação é uma iniciativa da Casa da Animação com uma programação feita de projeções de cinema em várias cidades, mas com o quartel-general instalado este ano em Montemor-o-Novo. Vários espaços culturais da cidade envolveram-se no programa, incluindo ainda a Biblioteca Almeida Faria, a livraria Fonte das Letras e o Convento da Saudação, onde está instalado o Espaço do Tempo, do coreógrafo Rui Horta.

Foi aqui que o professor de cinema
Fernando Galrito e o bailarino
Pedro Ramos conduziram uma aula prática que uniu o movimento da dança ao movimento do cinema de animação.

No final da atividade, na qual os participantes interpretaram uma performance, Tiago e Rafael, alunos da área de ciências, reconheceram que a oficina os ajudou a perder o medo de se expressarem e a perceber que não há mal nenhum em ser-se subjetivo.

Fernando Galrito e Pedro Ramos consideraram que esta oficina foi uma espécie de detonador de novas ideias nos estudantes. O mesmo princípio que regeu toda a Festa Mundial da Animação.

A Festa Mundial de Animação, que aconteceu pela primeira vez em 1992, ganhou este ano um caráter itinerante, passando a realizar-se anualmente numa cidade diferente do país.