O maior exibidor de cinema nos EUA e no mundo anunciou que deixará de ter filmes da Universal Pictures nas suas salas.

A decisão da AMC Theaters foi anunciada no mesmo dia em que Jeff Shell, o CEO da NBCUniversal, dona do estúdio, é citado num jornal a dizer que, quando os cinemas reabrirem, os seus filmes passariam a ser lançados também no formato de video-on-demand premium (PVOD).

Com o boicote fica em causa a viabilidade comercial de grandes apostas de bilheteira como "Velocidade Furiosa 9" e "Mínimos 2", que o estúdio adiou para 2021 por causa da COVID-19.

A AMC Theaters tem cerca de 1000 cinemas nos EUA, Europa e Médio Oriente, destacando-se os 661 cinemas e mais de 8200 salas nos EUA.

O exibidor também tem 244 cinemas e 2200 salas espalhadas pela Europa após ter adquirido outros exibidores, incluindo a Odeon Cinemas, que por sua vez é a proprietária da UCI Cinemas, que também opera em Portugal.

O boicote foi anunciado após um artigo no Wall Street Journal de terça-feira (28) divulgar que "Trolls: Tour Mundial" tinha rendido 95 milhões de dólares nos alugueres digitais nos primeiros 19 dias.

A animação destinava-se aos cinemas no início de abril, mas a Universal optou pelo PVOD quando milhares de cinemas fecharam as portas por causa da pandemia.

No mesmo artigo, o CEO Jeff Shell comentava que os resultados "ultrapassam as expectativas e demonstravam a viabilidade do PVOD" e que "assim que os cinemas reabram, esperamos lançar filmes em ambos os formatos", o que sugeria que o estúdio deixaria de aceitar a "janela" de exclusividade dos filmes para os cinemas, que está entre os 75 e 90 dias.

Esta frase é citada explicitamente pelo CEO Adam Aron da AMC Theaters na carta-aberta à Universal como a razão para acabar com a parceria comercial até (ou a não ser) que o estúdio entre em negociações: "as ações e intencionais unilaterais deixaram-nos sem escolha".

A AMC salienta que não há "qualquer ambiguidade da nossa parte", acusando a Universal de ter sempre desejado reduzir as janelas e agora querer alterar os termos do acordo, assumindo que o exibidor iria "humildemente aceitar uma visão reformulada de como os estúdios e exibidores devem interagir".

Acrescenta que o estúdio quer, sem negociar, "o melhor dos dois mundos", o dos cinemas e o do cinema em casa.

A AMC também lança um aviso a Hollywood ao dizer que a nova política de excluir os filmes "não se destina apenas à Universal como uma punição" e será aplicada a quem abandonar "unilateralmente as atuais práticas de janelas sem negociações de boa fé".

Na terça-feira à noite, a Universal Pictures lançou um comunicado a recordar as circunstâncias especiais de "Trolls: World Tour" e o seu "compromisso absoluto" com os cinemas: "como dissemos anteriormente, esperamos lançar filmes diretamente para os cinemas, bem como no PVOD, quando esse tipo de distribuição fizer sentido", deixando a porta aberta para "ter conversas privadas adicionais com os nossos parceiros de exibição".

A Universal acusa ainda a AMC de estar coordenada com a associação de exibidores americanos (NATO) para lançar confusão sobre a posição e ações do estúdio.

Pouco depois, a NATO também lançou um comunicado a rejeitar a acusação.

Horas antes, a NATO lançara outra declaração em resposta às declarações do CEO Jeff Shell ao Wall Street Journal, insistindo que a situação inédita provocada pela COVID-19 "não deve ser usada para justificar reduzir a janela dos cinemas".

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