Há mais de 20 anos que os irmãos
Joel e
Ethan Coen se movem no cinema norte-americano como realizadores, produtores e argumentistas, porém, só recentemente começaram a assumir nos créditos dos seus filmes a presença de ambos nas várias vertentes do seu trabalho. Embora se soubesse que ambos funcionam em parceria em todas as funções, até há pouco tempo Ethan (53 anos) costumava ser creditado como o produtor e Joel (56 anos) como o realizador, com ambos a surgirem com pesos diferenciados na autoria do argumento, além de assinarem ambos ainda hoje a montagem de todos os filmes com o pseudónimo Roderick Jaynes.

Desde sempre que os irmão demonstraram uma imensa paixão pelo cinema. Enquanto criança, Joel cortava relva nos jardins dos vizinhos para poupar dinheiro e comprar a sua câmara Super 8 e os manos eram as estrelas do bairro graças aos «remakes» que faziam de filmes que tinham visto na televisão.

A primeira película escrita e realizada por ambos,
«Sangue por Sangue», de 1984, tornou-se um dos grandes emblemas do cinema independente da época. Feita por meia dúzia de tostões, conquistou de imediato os elogios da crítica e gerou um imenso fenómeno de culto, que os irmãos nunca perderam nem desmereceram. O filme era protagonizado por
Frances McDormand, que a partir daí seria presença assídua na obra dos manos (e casaria com Joel), e tinha como director de fotografia o futuro realizador
Barry Sonnenfeld.

A partir daí os Coen desenvolveram uma carreira singular, em que abordaram uma imensa variedade de géneros, quase sempre com um humor seco e muito negro, uma narrativa solta e criativa e argumentos saborosos e muitíssimo bem estruturados. Resultado: uma sucessão de grandes filmes que, na sua maioria, ficaram gravados na memória cinéfila.

Após o sucesso de «Sangue por Sangue», os Coen continuaram a receber os mais rasgados elogios graças à comédia destravada à Looney Tunes
«Arizona Jr.» (1987) e ao filme de gangsters clássico
«História de Gangsters» (1990), conquistando em 1991 a Palma de Ouro em Cannes com
«Barton Fink», sobre um argumentista em crise criativa.

Seguiu-se a fábula inspirada em
Frank Capra
«O Grande Salto» e o grande triunfo de
«Fargo», que valeu aos Coen o Óscar de Melhor Argumento Original e a Frances McDormand a estatueta de Melhor Actriz.

Em 1998, os Coen assinaram um dos seus filmes mais emblemáticos,
«O Grande Lebowski», que apesar de não ter tido um bom acolhimento à data de estreia viu o seu estatuto disparar nos anos seguintes, sendo hoje uma obra de culto superior, numa carreira quase toda feita delas.

George Clooney começou a sua extensa parceria com os irmãos Coen na comédia rural e musical
«Irmão, Onde Estás?» (2000), que os cineastas seguiram com uma variação muito pessoal sobre o «film noir»,
«O Barbeiro» (2001), e uma outra sobre as comédias românticas da década de 40,
«Crueldade Intolerável» (2003).

Se em 2004 os irmãos assinaram aquele que é, porventura, o seu filme menos conseguido, o «remake» de «O Quinteto era de Cordas», que por cá se chamou
«O Quinteto da Morte», logo a seguir realizaram a película que mais os cobriu de glória,
«Este País Não é para Velhos», que triunfou em toda a linha nos Óscares, valendo aos manos estatuetas para Melhor Argumento, Melhor Realização e Melhor Filme.

Em 2008, a comédia
«Destruir Depois de Ler» teve uma recepção mista mas
«Um Homem Sério», em 2009, voltou a valer-lhes a nomeação ao Óscar de para Melhor Filme.

Já em 2010, a glória continuou a acompanhar Joel e Ethan Coen com a estreia do «western»
«Indomável», que se tornou o maior sucesso de bilheteira da carreira da dupla (já facturou cerca de 150 milhões de dólares só nos EUA), um enorme êxito de crítica e conseguiu nada menos que dez nomeações aos Óscares, entre as quais as de Melhor Realização e Melhor Filme.