O outrora todo-poderoso produtor de Hollywood Harvey Weinstein foi acusado esta segunda-feira (6) de novos crimes sexuais em Los Angeles, no mesmo dia do início de seu julgamento em Nova Iorque, num dia histórico para o movimento #MeToo.

Weinstein, de 67 anos, foi acusado em Los Angeles de abusar sexualmente de duas mulheres não identificadas em 2013.

O primeiro abuso terá ocorrido em 18 de fevereiro de 2013, quando, segundo o Ministério Público, Weinstein entrou sem permissão no quarto de hotel de uma mulher e violou-a. No dia seguinte, supostamente abusou sexualmente de outra mulher no seu quarto de um hotel em Beverly Hills.

"As provas demonstram que o acusado utilizou o seu poder e influência para ter acesso às suas vítimas e em seguida cometer crimes violentos contra elas", disse a procuradora Jackie Lacey em comunicado.

"Quero elogiar as vítimas que se apresentaram e contaram corajosamente o que aconteceu com elas", salientou.

Weinstein afirma ser inocente.

Longo julgamento

Mais cedo, em Nova Iorque, Weinstein foi a tribunal vestido com um fato escuro e usando um andarilho após se ter submetido a uma recente cirurgia às costas devido a um acidente de carro que sofreu em agosto. Parecia pálido e enfraquecido.

Se for considerado culpado, Weinstein pode ser condenado a prisão perpétua. O processo deve durar cerca de seis semanas.

A audiência desta segunda presidida pelo juiz James Burke durou uma hora e 15 minutos e definiu aspetos logísticos do julgamento.

A primeira batalha será a seleção do júri, que começa amanhã e pode durar até duas semanas.

Durante a audiência, a Procuradoria pediu que o juiz ordene à defesa para manter o silêncio sobre o processo fora do tribunal.

"As mulheres já foram suficientemente degradadas", disse a procuradora Joan Illuzi-Orbon, acusando a advogada de defesa, Donna Rotunno, de sugerir que, como muitas acusadoras são atrizes, elas estão a representar quando denunciam os abusos.

Rotunno garantiu que não fez nada de errado e criticou a procuradora de classificar o seu cliente como "predador" em tribunal.

Quase 90 mulheres, incluindo atrizes famosas como Angelina Jolie e Gwyneth Paltrow, denunciaram o ex-produtor por assédio, agressão sexual ou violação, desde que o jornal "The New York Times" revelou várias acusações contra ele a 5 de outubro de 2017.

Weinstein está a ser julado apenas por agressões contra duas mulheres, já que os restantes crimes prescreveram.

Uma das acusadoras é a ex-assistente de produção Mimi Haleyi, segundo a qual o produtor de "Pulp Fiction" praticou sexo oral com ela contra a sua vontade no apartamento do réu, em Nova Iorque, em julho de 2006.

A segunda acusadora permanece no anonimato e afirma que Weinstein, cofundador da produtora Miramax Films, a violou num quarto de hotel de Nova Iorque em março de 2013.

A acusação foi modificada em agosto para incluir o depoimento da atriz da série "Os Sopranos" Annabella Sciorra, que relata ter sido violada por Weinstein no inverno de 1993-94.

O único outro julgamento penal desta mesma natureza no horizonte é o do cantor de R&B R. Kelly, que no ano passado foi acusado de vários ataques contra jovens.

O comediante americano Bill Cosby foi sentenciado a três anos de prisão por agressão sexual em setembro de 2018. O seu julgamento começou no final de 2015.

'Time's Up'

De vermelho: Rose McGowan, Lauren Sivan e Patricia Arquette de

Desde que o movimento surgiu após o tsunami de acusações contra Harvey Weinstein, quase todos os homens que foram acusados e perderam os seus postos de trabalho evitaram processos penais.

Cerca de 15 mulheres que denunciaram o produtor, incluindo as atrizes Roseanna Arquette e Rose McGowan, protestaram à frente do tribunal de Mahattan vestidas de vermelho e com cartazes que diziam "Justiça para as sobreviventes".

"O tempo acabou, 'Time's Up'. O tempo do assédio sexual no trabalho acabou, o tempo de culpar os sobreviventes acabou, o tempo das desculpas vazias sem consequências e da ampla cultura do silêncio que permitiu que agressores como Weinstein agissem", disse Arquette.

A acusação chamará as outras três supostas vítimas de Weinstein ao trubunal, incluindo uma mulher que alega ter sido violada na Califórnia em 2013. Os detalhes das outras duas acusações são desconhecidos.

"Espero que [Weinstein]) fique preso até ao fim dos seus dias", disse à AFP outra manifestante, Sarah Ann Masse, que afirmou ter sido agredida pelo ex-produtor quando ele entrevistou-a em 2008 para um cargo de "babysitter" dos seus filhos.

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