O processo parecia quase como um facto consumado, com direito até a fotografia oficial de Rupert Murdoch e Bog Iger, mas afinal há um concorrente para a compra da 21st Century Fox.

Em dezembro, o grupo de Rupert Murdoch concordou em vender à Disney várias parcelas da chamada 21st Century Fox por 52,4 mil milhões de dólares [44,3 mil milhões de euros]. Com o valor da dívida que a Disney também ia assumir, o negócio subia para os 66 mil milhões.

Esta quarta-feira, a Comcast, proprietária do grupo NBCUniversal e a maior operadora de TV por cabo nos EUA, anunciou que pondera apresentar uma contra-proposta e embora diga que "nenhuma decisão final tenha sido tomada", acrescenta que o processo está numa fase bem avançada.

O que consta é que, só em dinheiro, a oferta será na ordem dos 60 mil milhões.

Em causa está o estúdio de cinema 20th Century Fox, o terceiro maior de Hollywood, o estúdio que produz as séries de TV, o vasto catálogo de títulos de ambos, os canais por cabo como o FX e National Geographic, mais de 300 canais internacionais e 22 canais Fox Sports regionais, 30% do serviço de streaming Hulu, 50% do grupo Endemol Shine, bem como outros segmentos.

A Comcast avançou com um comunicado por causa da apresentação de documentos pela Fox e Disney com vista à análise nas reuniões especiais no verão dos seus acionistas que têm de votar aquela que, por agora, ainda é a única proposta oficial.

Há um mês a Comcast também já tinha avançado com 31 mil milhões para o grupo de canais por satélite Sky, onde a Fox tem 39% e quer adquirir o controlo, o que tem levantado a resistência dos reguladores britânicos.

O interesse principal para o gigantesco negócio é a escala crescente em redor dos conteúdos e distribuição e qualquer que seja a decisão final, o resultado será sempre uma megafusão que vai abanar o mundo do entretenimento e dos media: a Comcast tem por exemplo o estúdio de cinema Universal e respectivos parques temáticos, o estúdio de animação DreamWorks, os canais nacionais NBC e Telemundo, e muitos canais por cabo (nomeadamente MSNBC, CNBC, USA Network e E!).

Fora deste negócio ficarão alguns segmentos lucrativos do grupo 21st Century Fox que serão reunidos na "New Fox", nomeadamente o canal nacional Fox e as suas 28 estações, além dos canais por cabo Fox Sports e o controverso Fox News, e jornais de influência como o Wall Street Journal, New York Post, Times of London e vários títulos na Austrália.

Na semana passada, o império de Rupert Murdoch anunciou o novo organograma da empresa. O seu filho Lachlan deve passar a comandar a 21st Century Fox após a confirmação da venda dos ativos. Além de CEO do grupo, também seria copresidente do conselho, ao lado do pai, de 87 anos.

Por agora, a operação da Disney precisa receber a aprovação das autoridades de concorrência americanas, um processo que pode demorar pelo tamanho do grupo surgido com a fusão.

A Fox, no entanto, tem a esperança de completar a transação em "12 ou 18 meses", a contar desde o anúncio da venda em meados de dezembro.

Bob Iger, CEO da Disney, e Rupert Murdock em dezembro, aquando do anúncio do acordo.

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