A crise «afetou e não afetou» a próxima edição do FESTin, que começa hoje e se prolonga até dia 10, no Cinema São Jorge, em Lisboa. Lembrando que o festival «nasceu na crise», Léa Teixeira, da direção, promete «filmes de qualidade» nesta edição, que cresceu para os 35 convidados, «na maioria» do Brasil e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

«Por incrível que pareça, com toda a crise, acho que temos um festival, este ano, bem melhor», resume Léa Teixeira em declarações à Lusa.

Porém, reconhece, parceiros e patrocinadores sempre recordam a «crise» e, por isso, o FESTin continua a precisar de mais ajudas. «É claro que queremos mais apoio, até governamental, que faltou um pouco», nota.

O FESTin recebe «apoio logístico» da Câmara Municipal de Lisboa, que cede o Cinema São Jorge, e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), mas não tem subsídios do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA). O festival – que este ano homenageia o Festival de Gramado (Brasil) e o cinema de Angola – quer também atrair «mais público».

As três edições anteriores tiveram, em conjunto, dez mil espetadores. «Este ano esperamos mais, até porque a adesão está sendo bem grande», antecipa Léa Teixeira, destacando a exibição de «filmes muito fortes», como o de abertura,
«O Grande Kilapy», do angolano Zezé Gamboa, e
«Colegas» (na imagem), do brasileiro Marcelo Galvão.

«Colegas», que tem como protagonistas atores com síndrome de Down, é um fenómeno de popularidade desde que um deles, Ariel Goldenberg, colocou um vídeo na internet pedindo a Sean Penn que fosse à estreia do filme. Sean Penn não foi, mas Ariel acabou por concretizar o sonho de conhecer o seu ator preferido quando se deslocou a Hollywood.

A exibição deste filme em Lisboa – no sábado à noite – está a ser apoiada pelas associações portuguesas relacionadas com a síndrome de Down.

Através da internet, o FESTin já conseguiu reunir 81 por cento da verba destinada a premiar a melhor longa e a melhor curta metragens em competição, mantendo a meta de chegar aos 3.260 euros até sexta-feira.

Produzido pela Padrão Actual, o FESTin vai exibir 75 filmes (ficção, documentário e animação) de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe.

Os cinemas dos países que falam português têm evoluído a várias velocidades, reconhece Léa Teixeira, defendendo a aposta em «parcerias da lusofonia».

Enquanto o Brasil produz «dezenas de filmes por ano» e Portugal, «mesmo com a crise e a falta de incentivo» – do Governo e de privados –, mantém a «criatividade» e ganha prémios, «os países africanos têm mais dificuldades», distingue.

Angola tem «um cinema emergente», mas «poderia estar dando maiores passos», analisa. Já Moçambique está no nível «médio», enquanto «os outros [PALOP] ainda têm que ter muita ajuda», observa.

Maiores ou menores dificuldades à parte, Léa Teixeira tem uma certeza: «Eu acredito que o cinema nunca vai morrer».

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