Os movimentos #MeToo e Time’s Up colocaram de forma dramática em destaque as desigualdades de tratamento entre homens e mulheres em Hollywood, mas a realidade não está as intenções de maior paridade.

"Celluloid Ceiling", o estudo anual do Centro para as Mulheres em Televisão e Cinema da Universidade de San Diego, divulgado esta quinta-feira, tendo por base uma amostra de 3.076 pessoas que trabalharam nessas 250 produções com mais receita de bilheteira, concluiu que a percentagem de realizadoras desceu de 11% para 8% de 2017 para 2018.

As percentagens de mulheres que realizaram filmes no TOP 100 e TOP 500 também desceram.

O estudo conclui que "apenas 1% dos filmes colocaram 10 ou mais mulheres em funções fundamentais atrás das câmaras. Em contraste, 74% dos filmes colocaram 10 ou mais homens. Por funções, as mulheres representam 16% dos argumentistas, 21% dos produtores-executivos, 26% dos produtores, 21% dos editores e 4% dos diretores de fotografia a trabalhar nos 250 filmes mais rentáveis".

Numa análise histórica, a representação feminina em todas as funções subiu no TOP 250 de 1998 e 2018, com exceção das realizadoras, que desceu, e a das diretoras de fotografia, que se manteve igual.

Uma análise do TOP 500 de 2018 também revelou que os filmes realizados por mulheres têm uma representação feminina maior entre argumentistas, editoras, diretoras de fotografia e compositoras do que aqueles em que os realizadores são homens.

Nos Estados Unidos, o filme mais lucrativo em 2018 foi "Black Panther", de Ryan Coogler, com direção de fotografia de Rachel Morrison, com 613 milhões de euros de receita de bilheteira.

"O estudo não apresenta qualquer prova de que a indústria cinematográfica tradicional tenha experimentado a profunda mudança positiva prevista por muitos analistas durante o ano passado", explica a investigadora Martha Lauzen em comunicado.

"É improvável que esta 'radical sub-representação' se resolva pelos esforços voluntários de algumas pessoas ou um único estúdio. Sem um esforço em larga escala levado a cabo pelos principais envolvidos - estúdios, agências de talentos, sindicatos e associações - é improvável que vejamos mudanças significativas. A distância de 8% para alguma forma de paridade é simplesmente demasiado grande", acrescenta o texto.

Outro excerto indica que "o que é necessário é a vontade de mudar, espírito de iniciativa - o que significa que o esforço começa com os principais intervenientes, transparência e a definição de metas concretas. Determinação, espírito de iniciativa, transparência e metas são as chaves para avançar".