A pedido do movimento contra o assédio sexual Time's Up, o procurador-geral do Estado de Nova Iorque, Eric Schneiderman, aceitou investigar por que razão o produtor Harvey Weinstein ainda não foi acusado pela procuradoria, quase seis meses após do escândalo sobre a denúncia dos seus abusos sexuais.

"Temos um conhecimento muito profundo dos anos de conduta sexual abusiva de Harvey Weinstein e, recentemente, apresentámos uma ação civil contra ele por abusos persistentes e graves contra os seus funcionários na [produtora] Weinstein Company", declarou o procurador no Twitter.

"Estamos comprometidos a fazer uma revisão completa, justa e independente deste assunto", acrescentou.

A Time's Up pediu ao governador Andrew Cuomo "uma investigação independente sobre o processo de decisão neste caso", incluindo um "exame completo" das trocas de comunicações entre os advogados do poderoso produtor de Hollywood e do gabinete do procurador de Manhattan Cyrus Vance.

A investigação teria como objetivo assegurar a "integridade" do procurador e "restabelecer a confiança" no seu gabinete, argumentou o Time's up.

O movimento aponta o caso da modelo italiana Ambra Battilana Gutierrez, que não levou a nenhuma acusação do procurador de Manhattan, em 2015, quando a polícia, que possuía uma gravação de áudio comprometedora, pensava que tinha um caso sólido.

O Time's Up cita um artigo recente da revista New Yorker segundo o qual inspetores da polícia nova-iorquina ajudaram, na época, a "esconder" Battilana, reservando quartos de hotel com nomes falsos, por medo de que o procurador tentasse prejudicar a investigação.

Estas informações justificam um "exame imediato", insistiu o Time's Up.

O movimento considera "particularmente perturbadoras" as informações publicadas por alguns meios nova-iorquinos segundo as quais o procurador Vance, um democrata recentemente reeleito para o cargo, pode ter sido influenciado por Weinstein e seus advogados.

Estas suspeitas devem-se ao facto da equipa de advogados de Weinstein, liderado por Benjamin Brafman, incluir antigos colaboradores e pessoas próximas a Vance.

Contactado pela agência AFP, o gabinete do procurador não comentou de imediato o pedido de investigação.

Interrogado na quinta-feira passada sobre a possibilidade de Weinstein ser acusado, Vance foi vago.

"A investigação continua muito ativa, mas não posso dizer mais nada", declarou à AFP.

Harvey Weinstein enfrenta vários processos civis em Nova Iorque e Los Angeles. Há investigações criminais em Nova Iorque, Los Angeles e Londres, mas por enquanto nenhuma levou a uma acusação formal.

O produtor, que completou 66 anos esta segunda-feira, foi acusado de assédio, agressão sexual ou violação por mais de uma centena de mulheres desde o início do escândalo, em outubro do ano passado.