Uma das principais organizações na defesa e representação da comunidade LGBTQ nos EUA diz estar desiludida por Kevin Heart ter desistido de ser o apresentador dos Óscares. O que devia ter feito, diz, era dar o exemplo.

A decisão surgiu menos de 48 horas depois do próprio ter anunciado publicamente que seria o anfitrião da cerimónia, o que levou a que ressurgissem imediatamente no espaço público algumas piadas de tom homofóbico que teria feito não só em espetáculos ao vivo há cerca de 10 anos como também em tweets que entretanto foram sendo apagados.

Kevin Hart desiste de apresentar os Óscares depois de polémica com tweets homofóbicos
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"Não era esta o desfecho que acho que qualquer pessoa teria gostado", disse Sarah Kate Ellis, presidente da GLAAD, numa entrevista à CNN esta sexta-feira, admitindo que ficou surpreendida.

"Tínhamos esperança que isto viesse a ser transformado num momento instrutivo em que Kevin Hart ainda seria o anfitrião dos Óscares e usaria este momento para mostrar não só a sua evolução em relação à comunidade LGBTQ, mas também para então usar o palco do Óscar, um dos maiores do mundo, para ajudar a construir unidade e consciencialização à volta da comunidade LGBTQ e como somos marginalizados neste país", acrescentou.

"Sempre que existem estes passos em falso ou oportunidades como esta, encaramos como a possibilidade de fazer passar a mensagem sobre aceitação em relação à comunidade LGBTQ. Esta era a oportunidade perfeita", salientou, recordando que Hart "tem um número tão elevado de seguidores e é adorado por tantos americanos".

Ao anunciar a sua desistência, Kevin Hart pediu desculpa, mas antes fez duas publicações no Instagram em que reconhecia as pressões que estava a sofrer para reconhecer os seus erros no passado.

Muitos analistas acreditam que estas só pioraram a situação por não ter reconhecido a sua dimensão e Ellis concorda que "teria sido muito melhor se ele tivesse encarado e dito que isto não era bom" e que tinha "evoluído" e seria agora um aliado da comunidade e um líder na sua defesa.

A principal responsável da GLAAD também admitiu que ficou surpreendia pela Academia parecer não ter noção que isto poderia acontecer quando escolheu o comediante, mas ainda sugeriu que seria necessário alguma investigação para encontrar as mensagens antigas e declarações públicas.

A jornalista da CNN contrapôs que bastava uma rápida pesquisa "online" para encontrar algumas e perguntou se Hart conseguiria ultrapassar os danos que este escândalo causou à sua reputação.

"A sua última declaração é um passo na direção certa. Nunca é demasiado tarde e acho que os americanos têm muito a capacidade de perdoar e querem acreditar no que é mais positivo", respondeu a presidente da GLADD.

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