Centenas de profissionais da indústria do entretenimento americano, incluindo Jesse Eisenberg, Ben McKenzie e Morena Baccarin, juntaram-se, na terça-feira, à frente das sedes das empresas Amazon e HBO, em Nova Iorque, para exigir melhores condições de trabalho e segurança no emprego perante a ameaça crescente da inteligência artificial (IA).

Durante quase três horas, os manifestantes, que se costumam distribuir por vários pontos da cidade, reuniram-se por ocasião do Dia Nacional da Solidariedade Sindical, com cartazes e megafones, à frente às sedes nova-iorquinas das duas gigantes do setor. Eles queriam fazer ouvir as suas reivindicações e foram apoiados por muitos motoristas, que fizeram buzinões.

Iniciada no início de maio pelos argumentistas de Hollywood, a greve teve a adesão dos atores, em meados de julho, e em seguida dos profissionais de outros setores menos visíveis desta indústria que movimenta muitos mil milhões de dólares por ano.

É um movimento "de massa (...), que continua a crescer", disse à France-Presse Ezra Knight, presidente da filial em Nova Iorque do sindicato dos atores SAG-AFTRA, ao anunciar que o seu setor continuará em greve até que as suas exigências sejam atendidas "porque estamos a lutar pela nossa existência".

Jesse Eisenberg

Argumentistas e atores, principalmente, reivindicam salários melhores, garantias para limitar o uso da IA e outros avanços laborais.

Para Knight, a IA não é a única ameaça. Também estão em jogo os direitos de reprodução, os direitos de autor, os seguros médicos e as reformas.

"Se estas coisas estão ameaçadas, e no ambiente atual estão, a menos que haja mudanças, a capacidade de ganhar a vida nesta indústria (...) vai desaparecer", alertou.

"Esta é uma indústria que supostamente implica criatividade e paixão. E isso não se pode fazer através de empresas e dos computadores", acrescentou a atriz Laura Houha, de 34 anos.

Nos últimos dias, diferentes sindicatos sentaram-se à mesa com a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (Alliance of Motion Picture and Television Producers, AMPTP), que inclui estúdios como Disney e Netflix, no âmbito da negociação coletiva que estabelece as condições salariais a cada três anos.

"É um bom sinal", disse Knight. Segundo ele, isto "significa que há esperança (...) porque a AMPTP está a começar a reformular as coisas e vir à mesa com uma ideia e uma oferta".

A greve está a ter um enorme impacto na indústria cinematográfica, pois interrompeu muitas rodagens e produções e levou ao adiamento dos Emmy, a concorrida cerimónia de entrega dos prémios da televisão, de setembro par janeiro.

"Hoje é uma evocação de que o movimento operário sempre esteve vivo nos EUA (...) Continuamos a lutar", afirmou Knight.