A justiça russa retirou esta segunda-feira a ordem de prisão domiciliária do realizador de cinema e teatro Kirill Serebrennikov, acusado de suposta fraude, o que ele desmente, informaram as agências de notícias do país.

Serebrennikov, que estava detido desde 2017, tem agora liberdade de movimentos desde que não abandone o território russo, de acordo com a decisão de um tribunal de Moscovo.

"Vou regressar em breve. Não é fácil psicologicamente, mas há muitas coisas para fazer. Temos espetáculos, ensaios", afirmou Serebrennikov à agência Interfax.

O tribunal também retirou a medida a outras duas pessoas acusadas no mesmo caso.

Serebrennikov está a ser julgado por acusações de desvio de recursos públicos: 133 milhões de rublos [1,7 milhão de euros] destinadas ao seu teatro em Moscovo através de um sistema de orçamentos e contas sobrefaturadas.

Para os seus partidários, o realizador paga pela sua liberdade de criação e obras frequentemente ousadas, que misturam política, sexualidade e religião, num país onde as autoridades promovem os valores tradicionais e conservadores.

A detenção impediu que Kirill Serebrennikov viajasse em maio de 2018 ao Festival de Cannes, onde o seu filme "Leto" foi exibido na mostra oficial.

Também não acompanhou em dezembro de 2017 a estreia do ballet "Nureyev", dedicado ao bailarino soviético que pediu asilo no Ocidente, montado no teatro Bolshoi. O espetáculo também provocou polémica e a estreia foi adiada seis meses.

Em 2012, Kirill Serebrennikov foi nomeado diretor do Centro Gogol, que transformou num dos locais mais importantes da cultura contemporânea de Moscovo.