Numa selecção oficial por muitos criticada como uma das piores dos últimos anos, o júri, presidido por Tim Burton, acaba de anunciar o seu veredicto quanto aos melhores filmes da 63ª edição do Festival de Cannes.
«Oncle Bonmee», do tailandês
Apichatpong Weerasethakul, uma das películas mais elogiadas do certame, acabou por ser o grande vencedor, uma fita em registo de lenda, com a história de um homem que escolhe passar os últimos dias da sua vida no campo, onde confrontará o fantasma da mulher morta e do filho desaparecido.

O galardão para o novo filme de Weerasethakul é, para já, o ponto alto de uma carreira prestigiadíssima, que ainda não teve em termos de exposição pública um impacto comparativo ao que tem suscitado junto da imprensa especializada. O filme torna-se também a primeira Palma de Ouro para a Ásia desde 1997, quando
«A Enguia» de
Shohei Imamura ganhou «ex-aequo» com
«O Sabor da Cereja»de
Abbas Kiarostami. Na secção «Un Certain Regard» também foi a Ásia a triunfar, com o filme
«Hahaha», do sul-coreano Hong Sangsoo.

As mortes dos monges cistercianos às mãos dos fundamentalistas islâmicos em 1996 foi o tema do vencedor do Grande Prémio do Júri, uma espécie de segundo prémio do festival, atribuído com alguma surpresa a
«Des Hommes et des Dieux», do francês
Xavier Beauvois.

Surpresa foi também a atribuição do galardão de Melhor Realizador ao actor
Mathieu Amalric, no seu quarto filme atrás das câmaras,
«Tournée», sobre uma trupe de actores especializados no novo burlesco.

Consensual parece ter sido a atribuição dos troféus de Melhor Actriz a
Juliette Binoche por
«Certified Copy», de
Abbas Kiarostami, e de Melhor Actor a
Javier Bardem, por
«Biutiful», de
Alejandro González Iñárritu, as duas prestações mais elogiadas do certame. O actor espanhol partilhou o troféu de Melhor Actor com o italiano
Elio Germano por
«La Nostra Vita», de
Daniele Luchetti.

Eis o palmarés do 63º Festival de Cannes:

Melhor Filme - Palma de Ouro: «Oncle Boonmee», de
Apichatpong Weerasethakul (Tailândia)

Grande Prémio: «Des Hommes et des Dieux», de
Xavier Beauvois (França)

Melhor Realizador:
Mathieu Amalric por «Tournée» (França)

Melhor Actor: «ex-aequo» para
Javier Bardem por «Biutiful» (Mèxico) e
Elio Germano por «La Nostra Vita» (Itália)

Melhor Actriz:
Juliette Binoche por «Copie Conforme» (Irão/França/Itália)

Melhor Argumento: «Poetry», de Lee Chang-dong (Coreia)

Prémio do Júri: «Un Homme qui Crie», de
Mahamat-Saleh Haroun (Chade)

Câmara de Ouro: «L'Anée Bissextile», de Michael Rowe (México)

Palma de Ouro - Curta-Metragem: «Chienne d'Histoire», de Sérge Avedikian (França)

Prémio do Júri - Curta-Metragem: «Micky Bader» (Suécia/Dinamarca)