"365 Dias" vai continuar disponível na Netflix apesar das críticas ao seu conteúdo, que se tornaram mais mediáticas após a artista Duffy dizer que "glamoriza a realidade brutal do tráfico sexual, rapto e violação" e uma petição online a exigir a sua retirada ter reunido mais de 13 mil assinaturas até esta segunda-feira (6).

"Lixo" para uns, "pornografia dos ricos" para outros, desde junho que o filme polaco com cenas de sexo e violência bastante explícitas está no ranking dos conteúdos mais vistos, sendo comparado pelos espectadores "As Cinquenta Sombras de Grey".

Ao jornal britânico The Guardian, um porta-voz da plataforma não quis comentar as críticas concretas ao filme, mas salientou que tem um aviso sobre violência, sexo e nudez.

A Netflix também se distanciou da produção, destacando que licenciou os direitos de um filme que estreou em fevereiro nos cinemas na Polónia.

"Acreditamos convictamente em dar aos nossos subscritores à volta do mundo mais escolha e controlo sobre o que vêem na Netlix", destacou o porta-voz, acrescentando que estes podem definir filtros do que querem ou não ver no seu perfil.

Na semana passada, Duffy escreveu uma carta-aberta ao diretor executivo da Netflix Reed Hastings em que arrasa a decisão "irresponsável" da exibir o filme, descrito na plataforma como a história de "uma executiva fogosa numa relação sem chama é vítima de um dominador chefe da máfia que a aprisiona e lhe dá um ano para se apaixonar por ele".

Em fevereiro, a artista britânica revelou que foi drogada, sequestrada, levada para fora o estrangeiro e violada durante quatro semanas. Essa foi a razão para se ter afastado do mundo da música há dez anos.

"'365 Dias' glamoriza a realidade brutal do tráfico sexual, rapto e violação. Isto não devia ser a ideia de entretenimento de qualquer pessoa, nem devia ser descrito como tal ou comercializado dessa maneira", escreve na carta-aberta.

Recordando que se estima que existam 25 milhões de pessoas atualmente traficadas em todo o mundo, a artista acrescentava que a "entristece que a Netflix proporcione uma plataforma para este 'cinema' que erotiza o sequestro e distorce a violência sexual e o tráfico como um filme 'sexy'. Não posso imaginar como a Netflix pode ter desprezado como isto é negligente, insensível e perigoso. Até fez com que algumas raparigas recentemente jovialmente pedissem a Michele Morrone, o ator principal do filme, que as sequestre".

Em nenhum momento da carta Duffy pedia à plataforma para retirar o filme de exibição, mas deixava pouco à especulação sobre ser essa a atitude que a plataforma devia tomar: "Todos sabemos que a Netflix não alberga material que glamoriza pedofilia, racismo, homofobia, genocídio ou qualquer outro crime contra a humanidade. O mundo, com razão, iria erguer-se e gritar".

Duffy apelou ainda ao responsável da Netlflix para utilizar os seus recursos e o talento dos seus cineastas para criar conteúdos que "representem a verdade da dura e terrível realidade do que '365 Dias' procurou transformar num trabalho de entretenimento descontraído".

LEIA A CARTA NA ÍNTEGRA.

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