A Ucrânia celebrou esta segunda-feira, 11 de março, o seu primeiro Óscar, com a vitória de "20 Dias em Mariupol", um documentário sobre o cerco do Exército russo a esta cidade ucraniana em 2020, que considerou "importante", já que narra "os crimes da Rússia".

O documentário vai estrear-se na televisão portuguesa, no canal TVCine Edition no dia 5 de abril, às 22h00.

O filme, que ganhou o Óscar de Melhor Documentário este domingo, foi feito por jornalistas ucranianos que trabalham para a agência Associated Press. Nas últimas semanas, já havia vencido uma série de prémios internacionais, entre eles o Pulitzer e o Bafta.

O documentário mostra a agonia dessa cidade do leste da Ucrânia, que caiu nas mãos das forças russas 86 dias depois do início da invasão russa a 22 de fevereiro de 2022, à custa de milhares de mortos e uma destruição quase total.

Os jornalistas da AP que passaram três semanas na cidade cercada conseguiram sobreviver.

"Sou o único realizador aqui que gostaria de nunca ter feito este filme", disse Mstyslav Chernov ao receber o Óscar, afirmando que preferia que a Rússia nunca tivesse invadido a Ucrânia e ocupado as suas cidades, e que nunca tivesse feito reféns civis e militares.

"Mas não posso alterar a História nem o passado", prosseguiu Chernov. "Todos juntos, porém, podemos fazer com que a História tome o rumo devido e que a verdade perdure".

O jornalista e realizador apelou ainda a que os habitantes de Mariupol jamais sejam esquecidos. E concluiu: "O cinema cria memória e a memória faz a História".

O Óscar de Melhor Documentário é o primeiro conquistado por um cineasta ucraniano e é também o primeiro a distinguir o trabalho de uma agência de notícias, no caso a Associated Press, que soma 178 anos de história.