Intitulada “África onde sempre esgaravatamos” e já disponível nas livrarias, a obra passa por oito países africanos: começa com a Rota dos Escravos, passa pelo Quénia, Serra Leoa, Angola, Saara Ocidental, Congo, Namíbia e África do Sul, e termina em Moçambique “com o drama de Cabo Delgado e a exploração de gás natural”, anunciou hoje a autora.

“Em cada país é retratada a realidade mais contundente e trágica que lá se vive, em virtude do ocidente continuar a extorquir de África e dos africanos o que lhes pertence, num ‘continuum’ sem fim à vista, alimentando os interesses predatórios dessa parte hegemónica do mundo”, lê-se numa nota de imprensa enviada à agência Lusa.

Citada na nota, Catarina Martins, professora da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, especializada em literaturas pós-coloniais e autora do prefácio, frisou que Ana Filomena Amaral “funde com delicadeza e força descrição e narração, vozes múltiplas, personagens vivas, elas próprias, tantas vezes, contadoras de histórias dentro da história”.

“Trata-se de um resgate dos silenciados, das vítimas e dos resistentes à exploração colonial passada e presente da África esventrada, violentada, explorada. Manobrando habilmente informação, pesquisa histórica e mítica, e trabalho estético sobre a palavra, a autora retoma a missão de denúncia dos seus outros trabalhos, fundindo raiva com tristeza, mas conferindo às suas personagens, na constante pureza e verdade dos seus discursos o protagonismo de uma esperança inabalável”, assinalou Catarina Martins.

O décimo sexto livro de Ana Filomena Amaral, escritora traduzida em mais de uma dezena de línguas, tem lançamento agendado para a Ilha de Moçambique, a 10 de Junho, Dia de Portugal, no âmbito dos 500 anos de Luís Vaz de Camões.