“Nós ganhámos prémios, especialmente o 1.º prémio no Festival de Teatro Interclubes e fomos nomeados em quase todas as categorias, sobretudo nas de atores e atrizes. Também ganhámos um prémio pela música que tem um papel importante no ritmo desta peça”, disse Armando Andrés González.

A peça, Máquina da Felicidade, explicou, aborda “uns avós que estão cansados de viver num lar onde chega um personagem que os encoraja a viver de novo, ajudando-os a fazer ressurgir a alegria de viver”.

“Na peça, os homens interpretam as mulheres e as mulheres interpretam os homens, porque a peça tem um tom ‘de farsa’. Isso realça a comédia e distancia os factos da realidade para que o público se possa identificar de uma forma mais amena”, disse.

Segundo Armando González, “os atores conseguiram fazer a interpretação muito bem, porque em modo de farsa brincaram com os clichés não apenas do outro sexo, mas da idade de cada uma das personagens”.

“Esta peça é uma farsa divertida, contemporânea, escrita por um dramaturgo venezuelano (Daniel Dannery) para um grupo de teatro muito parecido com o LusoScena, estável, de adultos que fazem teatro com muita experiência”, disse.

Por outro lado, sublinhou o apoio recebido do Centro Português, “o nosso produtor executivo, a nossa casa, o nosso apoio”. Agora, “queremos chegar a Portugal para apresentar a nossa peça”.

Há 16 anos no LusoScena, o luso-venezuelano Mike Suárez Ferreira, ganhou o prémio de “melhor ator caraterístico”.

Em declarações à Lusa, explicou que “foi a primeira vez que interpretou uma mulher”, uma experiência que descreveu como “muito divertida”.

“Nós brincamos muito nos ensaios e ao fazer a apresentação. Eu fiz de uma velhota galega que gostava de dançar (…) É difícil fazer uma personagem de outro género, ser homem e fazer de mulher, ter de adaptar a voz, para um tom mais agudo, mais de mulher”, explicou.

Além disso, disse, teve de “manter o sotaque galego”, que foi facilitado porque tinha também avós galegos e na personagem “via a avó”.

Sobre a preparação, explicou que durante mais de dois meses ensaiaram três vezes por semana, e quatro vezes nas últimas duas semanas, um trabalho que compensou, já que “o público ficou emocionadíssimo, gostou muitíssimo do espetáculo”.

Ao ser “uma farsa”, disse, "não ter conhecido a vida das mulheres e homens anciãos com profundidade”, mas que a peça deixa a mensagem de que “quer sejamos crianças ou velhotes temos de viver a vida como se for o último dia”.

A jornalista e atriz Mayra Chirino, explicou à Lusa que interpretou o papel de Salvador Cox, um ancião que chega ao lar para mudar tudo o que faziam os avós que lá vivem, para os motivar, e passar-lhe a ideia de que não há que esperar que o tempo passe, que o fim chegue, que ainda há oportunidades para viver, para brincar, e os incita a recriar as suas fantasias de infância.

“Eu olho sempre para as personagens do ponto de vista da mensagem que me deixam, e a mensagem do Salvador Cox é muito forte, quando diz aos outros que se concentrem no que lhes faz feliz, que o tempo está a correr muito depressa. Que a única coisa má da vida é que é muito curta e não a estamos a aproveitar”, explicou.

Por outro lado, explicou que foi “complicado, mas divertido”, envolveu desafios como o de mudar a voz para uma “mais grossa” (de homem) e ter de estudar as posições dos homens, a forma como ficam de pé, como abrem as pernas, para tentar recriar isso.

O XXX Festival de Teatro Interclubes decorreu no “Hogar Canário Venezolano” e neles participaram o Centro Asturiano de Caracas, o Centro Social Ítalo-Venezuelano de Valência, o Clube Campestre Pão de Açúcar, o Centro Catalão, o Centro Português, a Irmandade Galega de Venezuela, o Valle Arriba Athletic Club, A Casa Portuguesa do estado de Arágua, o Clube Santa Paula, o Centro Italiano-Venezuelano de Caracas y o Clube Porto Azul.