A artista norte-americana, de 65 anos, encerrou a "The Celebration Tour" numa noite quente no sábado, dia 5 de maio, na qual espalhou energia e misturou música com performance, cabaret e dança.

Depois das 22h30, a cantora chegou ao palco de 800 m2 através de uma longa passadeira elevada do hotel Copacabana Palace, onde está hospedada desde que chegou à cidade, na passada segunda-feira.

A apresentação de "Nothing Really Matters", um hino à resiliência, foi o início de uma brutal manifestação de energia.

"Aqui estamos, Rio, o lugar mais bonito do mundo!", saudou a rainha da pop, que levou lágrimas de emoção ao público, que alcançou as 1,6 milhão de pessoas, segundo o órgão encarregado da promoção da cidade Riotur.

"Holiday" a ajudou a lembrar o seu início, quando chegou a Nova Iorque com apenas 35 dólares no bolso, mas "com um sonho".

Com dezenas de trocas de cenário e figurino, luzes espetaculares e muitos ecrãs ao longo da praia, Madonna demonstrou a sua infinita capacidade de inovação.

A norte-americana passou de uma aluna de minissaia a uma católica irreverente na sua capa preta enquanto cruzes luminosas circulavam ao seu redor, em "Like a Prayer". Em "Live To Tell", Madonna prestou homenagem às vítimas da IHV, incluindo Freddie Mercury e alguns artistas brasileiros, como Cazuza.

Seguiram-se simulações de cenas sexuais ao som de música eletrónica, com Madonna a agradecer aos fãs do Rio de Janeiro, "que adoram até a minha 'pussy'".

E a Madonna mãe também estava presente, orgulhosamente apresentando a sua filha Mercy James, que tocou piano.

Homenagem ao Brasil

O amor da rainha do pop pelo Brasil teve o seu momento, primeiro com Anitta, a rainha do funk. Ambas dividiram o número como juradas de um desfile de dançarinos em "Vogue", entre elas Estere, outra filha de Madonna. Porém, Anitta não cantou.

A cantora e drag queen Pabllo Vittar também subiu ao palco, juntamente de um grupo que tocava bateria. Foi a vez de "Music", que Madonna cantou enquanto agitava a bandeira verde e amarela.

Um final épico, com uma mistura de "Billie Jean", de Michael Jackson, e "Like a Virgin", de Madonna, colocou a cereja no topo do bolo, que Madonna colocou exultante, e suada, quase duas horas e meia depois do início.

Rio revolucionado

Helicópteros da polícia, drones e até um dirigível cruzavam o céu da cidade, enquanto dezenas de iates e outras embarcações se divertiam no mar. Não há outro assunto no Rio de Janeiro há dias.

Na sexta-feira, os primeiros fãs chegaram para reservar o seu lugar na "maior pista de dança do mundo". O fluxo foi permanente no sábado, com cariocas e pessoas vindas do resto do país e do exterior.

Alba e Roxy Rueda, 48 e 46 anos, viajaram de Buenos Aires. "Quando fiz nove anos, a minha irmã mais velha, que morreu no ano passado, deu-me primeiro walkman com a cassete de 'Like a Virgin'. Desde então, não paramos de ouvi-la", disse Alba à AFP.

Após 80 concertos em 15 países da Europa e América do Norte, o concerto no Rio encerrou com chave de ouro a celebração de uma digressão que se tornou especialmente significativa, depois de uma grave infecção bacteriana em junho, que fez a cantora temer pela vida.

Desde que o hit "Like a Virgin", de 1984, que a catapultou para o cenário internacional, Madonna lançou um álbum a cada dois ou três anos e hoje é considerada uma das maiores artistas pop de todos os tempos.

O concerto é uma grande aposta económica do Rio de Janeiro, que injectou 20 milhões de reais dos 12 milhões de dólares que custa a produção (cerca de 60,8 milhões de reais).

As autoridades estimam que o espetáculo contribuirá com 293 milhões de reais para a economia local, com uma ocupação hoteleira incomum para a época e centenas de restaurantes e comerciantes que fizeram um lucro extra.

Mas acima de tudo, sabem que apresentar o maior concerto de Madonna vai entrar para a história. E isso não tem preço.