António Miranda, mais conhecido artisticamente como Loony Johnson, nasceu em Lisboa e cresceu em Algés, num bairro de lata das décadas de 1980 e 1990, numa comunidade cabo-verdiana, de onde vem também a sua ascendência.

"A comunidade imigrante traz sempre a sua cultura consigo. As tradições e a música faziam parte do quotidiano, e desde pequenino que foi surgindo o sonho de poder lá chegar", contextualizou o artista à agência Lusa.

Começou como DJ, nos anos 1990, nas discotecas, em Lisboa, mas, posteriormente, começou a incorporar nas suas músicas as raízes africanas e lançou o seu primeiro álbum em 2006. Define a sua sonoridade como "do mundo", porque "não se prende a um estilo específico", e pode produzir desde kizombas a afrobeats, assim como música mais tradicional de Cabo Verde.

"Representar Cabo Verde e a bandeira portuguesa é muito importante para mim. Sacrifiquei muito para chegar aqui e vou dedicar esta conquista aos cabo-verdianos, ao meu pai, que infelizmente nunca me viu atuar nestas dimensões, e faleceu em 2021, mas também à minha mãe, que tinha o sonho de me ver pisar um palco destes", declarou o artista que vai lançar o álbum "Mocinho".

Segundo o artista, esta "alegria" não é só sua, é também dos que sempre o apoiaram e do público que o segue há vários anos e lhe pedia um concerto neste formato.

A atuação vai ter a presença de artistas de renome na cultura africana, que a representam internacionalmente, mas que têm um cunho pessoal para Loony Johnson porque o apoiaram durante a sua carreira. Dos artistas já anunciados, surgem nomes como Nelson Freitas, Elida Almeida, Kaysha, Djodje, Danni Gato, Tó Semedo e o português Nuno Ribeiro.

António Miranda, além de ser Loony Johnson, é também "Loonaticboy Music", ou seja, é artista e tem uma produtora. Concentra em si as duas faces da mesma moeda e já produziu hits "que passavam em todas as rádios", como "Miúda Linda", que escreveu e produziu para Nelson Freitas.

É reconhecido e premiado internacionalmente, em particular em Cabo Verde, onde já recebeu prémios de Música do país (CVMA) na categoria de "Álbum do ano", em 2022, mas sente que lhe falta "afirmação no público português", que até "pode conhecer as músicas", mas ainda não as associam à sua figura, e isso "é algo que quer mudar".

"Quero mostrar a minha imagem e pisar mais palcos, quero que associem as minhas músicas à minha pessoa", afirmou o artista.

É um artista com experiência em diversas áreas e realça que tem origens numa nação "pobre, mas rica em sonhos", repleta de "grandes artistas" que representam o país e que "com pouco fazem muito".

A música africana tem sido expandida além-fronteiras, e exemplo disso é o sucesso mundial do nigeriano Rema, que Loony Johnson vê com muito orgulho e esperança para todos os africanos, e descendentes, como prova de que os ritmos africanos, e os vocábulos, podem "chegar a todo o mundo", mas isto será sempre um caminho em progressão e uma inclusão a ser trabalhada, salientou.