O músico inglês brinda o público com um humor leve e uma capacidade de rir-se de si próprio que só os grandes artistas possuem. São estes pequenos interregnos entre canções que pautam um espetáculo recheado de alguns dos maiores êxitos da sua longa carreira, com alguns temas mais recentes.

Lloyd Cole é um exímio guitarrista e continua a ser dono de uma voz envolvente e única, que a acústica da Casa da Música potencia, para gáudio do público.

A solo, como viveu grande parte da sua carreira (sublinhar os tempos áureos de Lloyd Cole and the Commotions de 1984 a 1989), apresenta-se no centro do palco, todo vestido de branco, ladeado por duas guitarras, que vai trocando ao longo do concerto.

Llloyd Cole
créditos: Paulo Soares

O espetáculo de duas horas tem um intervalo para “fazer os que as pessoas da nossa idade precisam fazer”, diz o cantor, rematando que lhe cabe fazer, portanto, o concerto de abertura e o concerto principal.

No alinhamento, Lloyd Cole começa com “Don’t Look Back” e segue com os temas “Mr Malcontent” e “Trigger Happy”, numa viagem aos anos 80, de onde regressa com o tema do seu último álbum homónimo, lançado em 2023, “On Pain”. O músico agradece em português e diz-nos também na língua de Camões «eu não falo português», mas sabe que o público conseguirá compreendê-lo.

Mantemo-nos no século XXI, ao som de “Why in the World?” e abre um parêntesis para homenagear David Bowie, com o tema “Can You Hear Me?”, porque «os nossos heróis vão partindo e cabe-nos recordá-los». Prova de que existem músicas e músicos que são eternos.

Voltamos a 1984, para recordar o álbum “Rattlesnakes”, de Lloyd Cole and the Commotions, com o tema que dá nome ao disco. “Like Lovers Do”, “Try to Rock” e “The Afterlife” são os temas que encerram a primeira parte do concerto.

Llloyd Cole
créditos: Paulo Soares

No regresso ao palco, “Are You Ready to Be Heartbroken”, “Brand New Friend” e “The Idiot” marcam os momentos iniciais. O público rende-se aos temas e à voz do músico. O repertório continua, nas voltas do tempo, da década de 80 até à década atual, numa melodiosa viagem. “No Blue Skies”, “Undressed” e “Traffic” são algumas das canções que se seguem.

A grande ovação estava reservada para um dos temas favoritos do público, “Jennifer She Said”. Talvez o ponto mais alto da noite, num lugar que devolve o que o tempo faz apagar. A fechar “Cut Me Down” e “Perfect Skin”, com a plateia de pé a aplaudir o cantor. Volta a apresentar-se em palco para terminar com “Forest Fire”.

Lloyd Cole é anos 80, é adolescência, é a esperança de tudo o que estava por vir.