"Imploro que considere uma solução para este caso sem prender um homem de 83 anos", declarou Samantha Geimer, que tinha 13 anos na altura do crime, em 1977, ao juiz Scott Gordon, do Tribunal Superior de Los Angeles.

"Não falo em defesa de Roman, mas da Justiça", acrescentou, ao ler um comunicado, referindo-se ao cineasta pelo primeiro nome. "Imploro que faça isto por mim, tenha piedade de mim", prosseguiu.

Geimer acrescentou que já não tinha medo de falar e que simplesmente queria que o caso fosse resolvido.

Além disso, contou que recentemente se tornou avó e que não queria que a sua família continuasse a sofrer mais por este acontecimento.

O juiz afirmou que levará o pedido em consideração para a sua decisão de publicar ou não os documentos que provam, de acordo com Roman Polanski, a existência de um acordo de culpabilidade de 1977 para o cineasta passar 48 dias na prisão pelo crime.

"As suas palavras significam muito para este tribunal", disse Gordon, que não especificou quando emitirá a decisão.

Geimer reiterou no passado que havia perdoado o cineasta franco-polaco e que desejava colocar fim a este caso.

"Está cansada deste caso, que já dura 40 anos", disse na quinta-feira à AFP Harland Braun, o advogado de Polanski. "Quer que termine".

Virar a página

O realizador de "O Pianista" e "Chinatown" foi acusado de drogar e abusar sexualmente de Geimer quando esta tinha 13 anos na casa do ator Jack Nicholson, em Los Angeles.

Polanski reconheceu ter mantido "relações sexuais ilegais" com uma menor num acordo com a promotoria, que em troca excluiu outras acusações mais graves.

O realizador afirmou que o juiz concordou em limitar a sua sentença a sete semanas de detenção, e que ele esteve 42 dias preso.

Mas em 1978, com medo de que o acordo fosse anulado, Polanski fugiu para a França, convencido de que corria o risco de receber uma sentença mais dura.

O realizador, casado com a atriz Emmanuelle Seigner, com quem tem dois filhos, recusou desde então regressar aos Estados Unidos sem garantias de que não será posto novamente atrás das grades.

Geimer, que em 2010 fez uma solicitação similar à desta sexta-feira, escreveu uma dura carta ao tribunal no início deste ano, na qual acusou os promotores de estarem mais interessados nas suas carreiras que em resolver o caso e permitir que ela vire a página definitivamente.

"Os casos de celebridades não deveriam ser usados por pessoas como vocês que procuram um pouco de fama e promoção na carreira", disse na carta destinada à procuradora-geral do condado de Los Angeles, Jackie Lacey, e à sua adjunta, Michele Hanisee.

"Nem vocês nem os que vieram antes me protegeram. Trataram-me com desprezo, usando um delito cometido contra mim para promover as vossas carreiras", completou.