Numa opinião que contrasta com a de Tom Hanks, Stanley Tucci não vê qualquer problema em atores heterossexuais interpretarem personagens "queer" no cinema e televisão.

Casado com a irmã de Emily Blunt na vida real, a carreira do ator atingiu um novo patamar pelo papel do editor de moda gay em "O Diabo Veste Prada" em 2006. Em "Supernova", interpretou outra personagem LGBTQ+.

"Obviamente que acredito que isso está bem", revelou durante o programa “Desert Island Discs” da BBC Radio 4, falando sobre os 17 anos do filme que era protagonizado por Meryl Streep e Anne Hathaway.

"Fico sempre lisonjeado sempre que homens gays vêm ter comigo e falam sobre 'O Diabo Veste Prada' ou sobre 'Supernova' e dizem: 'Foi tão bonito, fez da maneira certa'", continuou.

"Porque, muitas vezes, não é bem feito", recordou.

"Um ator é um ator é um ator. É suposto interpretar pessoas diferentes. É isso. É esse o grande objetivo", notou.

"O Diabo Veste Prada"

Nos últimos anos, aumentou de tom o debate sobre a legitimidade de atores heterossexuais interpretarem papéis LGBTQ+: há quem defenda que devem ser atribuídos apenas a atores desse universo para promover um maior equilíbrio de género na indústria.

Um deles é Tom Hanks, que ganhou um Óscar pela interpretação de um advogado homossexual em "Filadélfia" e causou celeuma no ano passado ao dizer que não o faria se fosse agora.

"Vamos abordar o tema 'um homem heterossexual poderia fazer agora o que eu fiz na 'Filadélfia?' Não e com razão. O grande objetivo de ‘Filadélfia’ era não ter medo. Uma das razões pelas quais as pessoas não tinham medo daquele filme é que eu estava a interpretar um homem gay. Agora já estamos para lá disso e acho que as pessoas não aceitariam a falta de autenticidade de uma pessoa hetero a interpretar uma pessoa gay”, contou ao jornal The New York Times.

"Não é um crime, não é uma parvoíce que alguém diga que vai exigir mais de um filme no contexto moderno da autenticidade", acrescentava.