O novo filme do norte-americano Martin Scorsese "Silêncio", que o realizador esperou quase 20 anos para concretizar, acompanha os padres jesuítas portugueses perseguidos durante a missão no Japão, no século XVII.

Baseado no romance homónimo do japonês Shûsaku Endô, publicado em 1966, o filme estreia nos EUA a 23 de dezembro e a 19 de janeiro em Portugal.

Dois missionários jesuítas portugueses - Sebastião Rodrigues (Andrew Garfield) e Francisco Garrpe (Adam Driver) - viajam para o Japão em busca do mentor padre Cristovão Ferreira (Liam Nesson) que, sob tortura, terá renunciado a Deus.

Em território nipónico, sob o xogunato de Tokugawa Ieyasu, que baniu o catolicismo e quase todo o contacto com os estrangeiros, os dois jovens religiosos testemunham a perseguição dos japoneses cristãos pelas autoridades.

O par acaba por se separar e Rodrigues viaja para o campo, questionando o silêncio de Deus perante o sofrimento dos fiéis.

A história e o romance de Endô já inspiraram dois filmes, "Chinmoku / Silêncio" (1971), de Masahiro Shinoda, e "Os Olhos da Ásia" (1996), de João Mário Grilo.

O jesuíta norte-americano James Martin, consultor de Scorsese e de toda a equipa "nas questões dos jesuítas" - o que faria, diria e pensaria um jesuíta em determinadas situações -, afirmou que o "Silêncio" "é esmagador e muito comovente", mesmo que não se seja crente.

Em correio eletrónico enviado à agência Lusa, Martin considerou que Scorsese realizou "uma obra de arte". O filme, rodado em Taiwan, "é lindo", destacou.

"É uma história de mártires jesuítas do Japão e dos cristãos japoneses, sendo profundamente comovente para mim, enquanto jesuíta", acrescentou o editor do semanário jesuítico America, sublinhando "o poderoso papel" de Andrew Garfield que Martin que orientou "ao longo de muitos meses" nos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loiola, fundador da Companhia de Jesus.

"Por último, é incrível ver as cenas sobre as quais tinha falado com os argumentistas e diálogos sobre as quais tínhamos falado, especialmente em relação aos Exercícios. Muitos dos jesuítas que viram o filme, em Roma, também ficaram profundamente comovidos por esta obra de arte, mesmo que muito ficcionada, sobre a Companhia de Jesus", declarou.

No final de novembro, "Silêncio" foi apresentado a cerca de 400 jesuítas, residentes em Roma, numa sessão fechada à imprensa e que contou com a presença do realizador.

Para James Martin, o filme é um "retrato muito positivo" da Companhia de Jesus, uma das principais ordens religiosas masculinas católicas, fundada em 1540 por Inácio de Loyola, conta atualmente 16.479 membros (padres, irmãos laicos, seminaristas e noviços).

"Quando as pessoas pensam na história dos mártires jesuítas, ou no martítio de jesuítas no Japão ou dos cristãos japoneses, muito provavelmente não vão lembrar-se de um qualquer livro de História, mas deste fime de Martin Scorsese", considerou. "É inevitável".

Nascido e criado no bairro nova-iorquino de "Little Italy", Scorcese realizou em 1988 "A Última Tentação de Cristo", que desencadeou uma enorme polémica entre os cristãos de todo o mundo.

Martin Scorsese, que estudou durante um ano num colégio jesuíta, ganhou o prémio de melhor realizador com "The Departed: Entre Inimigos", em 2006.

Trailer legendado.

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