Uma das mais famosas agências artísticas de Hollywood cancelou sua tradicional noite pré-Oscar como forma de protesto contra o decreto anti-imigração do presidente americano Donald Trump e decidiu fazer uma doação a associações de defesa dos direitos civis.

A United Talent Agency (UTA), que representa, entre outros, os actores Chris Pratt, Harrison Ford e Alicia Vikander, os cineastas Ethan e Joel Coen e a cantora Mariah Carey, organiza habitualmente um evento de gala anual na luxuosa residência do seu presidente, Jim Berkus, em Los Angeles.

Este ano, a UTA pretende organizar um evento contra a medida do presidente americano em Beverly Hills, sede da empresa, dois dias antes da cerimónia dos Óscares, que acontecerá em 26 de fevereiro.

A agência também vai doar 250.000 dólares à American Civil Liberties Union (ACLU) e à International Rescue Committee (IRC), uma organização de ajuda aos refugiados.

"É um momento que precisa da nossa generosidade, atenção e impaciência", afirmou o diretor geral da UTA, Jeremy Zimmer, num memorando enviado aos funcionários da empresa, informou a revista Hollywood Reporter.

"O nosso mundo é melhor graças às interações entre artistas, as trocas de ideias e a expressão criativa. Se a nossa nação deixar de ser um lugar onde os artistas podem expressar-se livremente, então acredito que deixaremos de ser Estados Unidos", completa o texto.

A empresa quer "expressar a preocupação da comunidade criativa perante o sentimento anti-imigração nos Estados Unidos", escreve a revista Variety.

A decisão da UTA foi anunciada no momento em que um tribunal de apelo de São Francisco examina a ação do governo Trump que pede o regresso do decreto anti-imigração do presidente, suspenso por um juiz federal de Seattle, que proíbe a entrada no país de cidadãos de sete países de maioria muçulmana por três meses.

O decreto, que o presidente Trump apresenta como uma medida para lutar contra o terrorismo, recebeu muitas críticas em todo o mundo, com protestos e cenas de caos nos aeroportos.

A medida também proíbe, durante 120 dias, o acesso dos refugiados ao país. O prazo é indeterminado no caso dos sírios.

A UTA representa em particular o realizador iraniano Asghar Farhadi, que disputa pela segunda vez o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro por "O Vendedor", e que já anunciou que não comparecerá à cerimónia de 26 de fevereiro em protesto pelo decreto que envolve o seu país.

Farhadi já venceu um Óscar na categoria por "Uma Separação".