Numa altura em que se fala muito da existência de uma "fadiga de super-heróis", após os resultados de bilheteira dececionantes de vários filmes, o presidente executivo da Disney confirmou que o estúdio vai reduzir a quantidade de filmes e séries da Marvel nos próximos anos.

Citado pelo Deadline durante a apresentação aos analistas esta terça-feira dos resultados no segundo trimestre do exercício financeiro (janeiro a março), Bog Iger disse que a empresa irá limitar a "dois bons filmes" por ano — três no máximo — em relação aos cerca de quatro dos últimos anos.

Já nas séries para o Disney+, a estratégia passa por cortar de quatro para duas por ano, descrevendo a produção até recentemente como 'um vestígio basicamente de um desejo no passado de aumentar a quantidade. Nascemos de um desejo do passado de aumentar a quantidade. Aos poucos vamos reduzi-la”.

Iger acrecentou que está "a trabalhar bastante com o estúdio para reduzir a produção e focar-se mais na qualidade", mostrando-se confiante em como está a correr esse processo.

Em termos mais gerais, destacou que a intenção da Disney é equilibrar sequelas com filmes originais, mas defendeu que "existe muito valor nas sequelas", notando que têm mais reconhecimento e precisam de menos investimento em marketing.

“Passámos por um período em que nossos filmes originais de animação eram dominantes. Agora estamos a recuar um pouco para nos apoiarmos nas sequências”, notou, destacando a estreia este verão de "Inside Out 2" e os planos para o quinto "Toy Story".

Lucros da Disney caem no trimestre, mas negócios aumentam

Bob Iger

Os lucros da Disney foram muito reduzidos no segundo trimestre do exercício financeiro devido a desvalorizações, mas seu volume de negócios aumentou, segundo o comunicado à imprensa.

Pela primeira vez, as atividades de streaming do grupo geraram lucro, após vários anos de sucessivas perdas e enormes investimentos.

O lucro líquido do grupo caiu para 216 milhões de dólares (200,54 milhões de euros) em relação aos 1,5 mil milhões de dólares no mesmo período de 2023.

Essa diferença ocorre principalmente devido a uma desvalorização dos ativos, ligada à decisão da Disney de fundir a sua filial de televisão indiana com a sua concorrente Viacom18, dependente do conglomerado Reliance.

O grupo sediado na Califórnia controla apenas 36,8% desta nova entidade. Esta operação levou-a a incorrer num significativo valor excecional de dois mil milhões de dólares (1,86 mil milhões de euros).

Por ação e excluindo elementos excecionais, o indicador de referência do mercado, o lucro líquido foi de 1,21 dólares, acima do 1,12 esperados pelos analistas.

Com base nestes resultados trimestrais, a Disney espera agora um crescimento anual de 25% nos seus lucros por ação, excluindo itens excecionais, em comparação com os 20% obtidos até então.

Mas o elemento de destaque do relatório é a mudança nos resultados com tendência positiva no streaming ou na transmissão online, que atingiram este estatuto pela primeira vez desde o lançamento da plataforma Disney+, em novembro de 2019.

No entanto, Bob Iger alertou que este segmento voltaria a ter prejuízo durante o atual trimestre, antes de voltar à rentabilidade nos três meses seguintes.